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Tema da saúde nos EUA faz direita elevar o tom de ameaças

O avanço da reforma da saúde no caminho para sua adoção final aumenta a tensão política nos Estados Unidos, onde republicanos e democratas denunciam ameaças de morte e atos de violência.

As autoridades de Ivy, na Virgínia, confirmaram na quinta-feira que uma mangueira de gás havia sido cortada de forma deliberada na casa de um irmão de um deputado federal democrata, que votou a favor da reforma da saúde.

O blog de um ativista do movimento direitista Tea Party apontou erradamente que a casa pertencia ao deputado Tom Perriello, democrata da Virgínia. Mas os danos causados na terça-feira não foram acidentais, afirmaram as autoridades.

"Acreditamos agora que tenha havido um ato deliberado de vandalismo e que a mangueira de gás tenha sido deliberadamente cortada", disse Lee Catlin, porta-voz do condado de Albermarle, onde o corpo de bombeiros vem investigando o incidente, em companhia do Serviço Federal de Investigações (FBI).

"Nossos investigadores acreditam que o vazamento de gás poderia ter sido perigoso, caso houvesse uma fonte de ignição" disse Catlin.

O incidente, bem como diversos atos de vandalismo e ameaças contra pelo menos 10 representantes do Partido Democrata em todo o país, deflagrou uma troca de acusações entre os partidos, em Washington, na quinta-feira.

Enquanto a polícia de Nova York investigava um pó branco enviado ao escritório do deputado Anthony Weiner, acompanhado por uma carta ameaçadora que mencionava a reforma da saúde, os democratas acusavam os republicanos de empregar um retórica encorajadora para os extremistas. Os republicanos disseram que os democratas queriam "politizar" a questão.

O vandalismo também revela a natureza do movimento direitista Tea Party, que tentava ocultar sua aptidão para a violência se autoproclamando "mais polido" que a esquerda.

Os líderes do movimento foram obrigados a conter os danos repudiando a violência e seus praticantes.

A deputada Betsy Markey, do Colorado, reportou ameaças, enquanto Lesley Hollywood, diretor do movimento Tea Party no norte do Estado, tentava apagar o incêndio, dizendo que a frustração de algumas pessoas pela aprovação da reforma não justificava as ameaças.

Em Cincinnati, manifestantes protestaram diante da casa do deputado Steve Driehaus, outro democrata que votou em favor do projeto, depois que seu endereço foi publicado em um blog conservador.

Driehaus recebeu uma ameaça de morte, e alguém jogou uma pedra na sede do Partido Democrata no condado. Imagens de forcas foram enviadas aos escritórios de pelos menos dois deputados democratas, Bart Stupak, do Michigan, e James Clyburn, da Carolina do Sul.

Em Tucson, a porta de vidro do escritório da deputada Gabrielle Giffords foi quebrada, segundo a equipe dela, teoricamente por um tiro de espingarda de pressão.

Democratas acusaram os republicanos de incitar a ira da direita com o uso de linguagem inconsequente adotada no debate sobre a reforma da saúde.

Depois que o escritório da deputada Louise Slaughter em Niagara Falls, Nova York, foi atingido por uma tijolada, e que um recado sobre ataques de atiradores clandestinos foi deixado na secretária eletrônica de sua sede de campanha, ela divulgou um comunicado no qual acusa os republicanos de "atiçar as chamas usando retórica velada".

"Creio que as pessoas precisem compreender o que significa, em uma democracia, dizer que 'vou matar seus filhos se você não votar como desejo'", afirmou Perriello.

Mais de uma dezena de representantes que deram o sim à reforma pediram nesta sexta-feira proteção adicional, por temor de que alguma das ameaças se concretize e os converta em alvo do ódio da direita.

Da redação, com informações do New York Times e da Prensa Latina