Orlando Carvalho é homenageado pelos 100 anos de nascimento
Pioneiro dos estudos da sociologia eleitoral brasileira, criador de uma tradição de constitucionalistas brasileiros, um dos pensadores que ajudou na construção da Constituição 88 e da Constituição Mineira de 89 e fundador da Revista de Estudos Políticos, o professor mineiro Orlando Magalhães Carvalho estaria completando, em 2010, um século de nascimento. Com o objetivo de comemorar a data, a Assembleia realizou, na quinta-feira (15), Reunião Especial, a requerimento do deputado Carlin Moura.
Publicado 16/04/2010 17:00 | Editado 04/03/2020 16:50
O evento contou com a presença de familiares, professores, estudantes e parlamentares que homenagearam o estudioso nascido em Pouso Alegre, em 1910. Em seu discurso, o deputado Carlin Moura destacou o legado deixado por Orlando Carvalho para o Brasil. Ele lembrou o vasto currículo do professor, que foi também cientista político, jornalista e escritor, e falou sobre sua importância na formação dos estudiosos mineiros e brasileiros com a fundação e o trabalho como editor durante 42 anos da Revista Brasileira de Estudos Políticos, do programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Representado o presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), o deputado Vanderlei Miranda (PMDB) destacou que a sabedoria e o conhecimento de Orlando Carvalho ultrapassaram as montanhas de Minas e ganharam o mundo. "São pessoas como o professor Orlando Carvalho que me fazem ter orgulho de ser mineiro", afirmou.
Transferência da UFMG – Além das atividades já citadas, Orlando Carvalho foi também reitor da UFMG, sendo responsável pela sua instalação no campus da Pampulha, secretário de Educação do Governo Milton Campos, e participou da fundação do Colégio Marconi. Escreveu vários livros como "Problemas fundamentais do município", "Ensaios de política econômica" e "Curso de teoria geral do Estado".
O professor também desenvolveu diversos trabalhos no exterior. Foi membro de missão brasileira à Argentina e delegado da Organização dos Estados Americanos (OEA) nas eleições presidenciais da República Dominicana. Foi oficial da Orden Del Mérito, da Argentina, e da Légion d'Honneur, da França. Orlando Magalhães faleceu em 1998.
Carlos Drummond de Andrade
"Orlando Carvalho é a inteligência mais rápida e penetrante que já conheci". Foi com a citação dessa frase do poeta Carlos Drummond de Andrade sobre o professor Orlando Carvalho que o deputado Carlin Moura iniciou seu discurso, que falou sobre a trajetória e a importância do trabalho do estudioso para o Brasil.
O parlamentar destacou a importância da fundação da Revista Brasileira de Estudos Políticos que, segundo ele, tornou-se um instrumento "essencial na construção de uma sociedade consciente e politicamente envolvida". Segundo Carlin Moura, enquanto foi editor da revista, Orlando Carvalho foi responsável pela publicação de 87 volumes, com 627 artigos e tiragem de 3,5 mil exemplares em cinco continentes.
Carlin Moura ainda falou sobre o papel desempenhado por Orlando Carvalho na construção da Constituição Federal de 1988 e da Constituição Mineira de 1989. De acordo com o deputado, o professor foi um dos responsáveis pela elaboração do anteprojeto da Constituição Federal e depois foi convidado a participar da elaboração da Constituição Mineira. "De igual forma e dedicação, Orlando Carvalho também trabalhou na elaboração da nossa Constituição Estadual, legando a nós mineiros um estado constitucional mais humano, justo e moderno", afirmou.
Convivência familiar – Na solenidade, um dos filhos do professor, Guilherme Pinto de Carvalho, agradeceu a homenagem e falou um pouco sobre a convivência com o pai e sobre a descoberta da importância do seus estudos. "Nós que nascemos e vivemos sob a figura do papai, convivendo com as sua preocupações e vendo dividas conosco as suas vitórias, nem sempre visualizamos a importância no mundo social da presença do professor, político, científica político, escrito, jornalista e muitas outras facetas que o compunham", considerou.
No seu discurso, Guilherme Pinto de Carvalho lembrou de conversas com o pai, durante a efervescência política dos anos 60, em que falavam sobre as vantagens dos regimes presidencial e parlamentar. "E nas reformas do legislativo, papai, municipalista, queria o poder mais perto do povo enquanto se encaminhava para um regime unitário chefiado pelo poder central de Brasília", recordou. Segundo ele, Orlando Carvalho tinha constante contato com os temas nacionais e regionais e estava sempre atuando juntamente ao Poder Legislativo.
A Reunião Especial foi marcada ainda pela apresentação da cantora Ângela Ferolla. Ela interpretou as músicas "Que reste-t-il de nos amours", canção dos anos 30, composta por Charles Trenet; "La Vie en Rose", canção dos anos 40, de Edith Piaf; e "Les feuilles mortes", canção dos anos 50, composta por Jacques Prevert. Na solenidade, foi entregue uma placa comemorativa filho do professor. Em nome da família, Guilherme Pinto de Carvalho doou a placa à UFMG para que seja exposta em um memorial em homenagem a Orlando Carvalho.
Presenças
Fizeram parte da mesa da solenidade, os deputados Vanderlei Miranda (PMDB), representando o presidente da ALMG; e Carlin Moura (PCdoB), a desembargadora Denise Alves Horta, o diretor da Faculdade de Direito da UFMG, professor Joaquim Carlos Salgado; o presidente do Centro Acadêmico Afonso Pena, João Pedro Reis; e o Major PM Rogério Aparecido Soares Ribeiro.
De Belo Horizonte,
Sheila Moreno