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1º de Maio: PCdoB defende as 40 horas

Desde o advento do 1° de maio na agenda de luta das classes trabalhadoras no mundo e no Brasil, esta data tem sido marcada por reivindicações justas e corretas. Na atualidade, a resistência contra pacotes antipopulares para dar resposta à crise do capitalismo — na Grécia, por exemplo, os trabalhadores estão na linha de frente contra a imposição de políticas que buscam a “saúde financeira” do país à custa do arrocho e do desemprego.

Por Renato Rabelo*, em seu blog

Já no Brasil de hoje, a grande bandeira unificadora do movimento é a luta pela redução da jornada de 44 para 40 horas semanais. E o PCdoB — por uma questão de princípios cristalizados ao longo de quase 90 anos de sua existência — está na dianteira do movimento. Vejamos bem, não se trata de uma luta para demarcar fronteiras numa conjuntura desfavorável às forças populares. Ao contrário, trata-se de uma reivindicação concreta e que obedece a uma seqüência lógica que envolve o gigantesco aumento da produtividade do trabalho e, contraditoriamente, ao crescimento da concentração de renda de um lado e de miséria social de outro.

Há 120 anos lutava-se por uma jornada de 48 horas semanais. De lá para cá se passaram pelo menos duas vagas de progresso tecnológico. Nunca se necessitou de tão pouco tempo de trabalho para produzir uma quantidade crescente de riqueza. Setores conservadores podem argumentar acerca do estágio de desenvolvimento capitalista brasileiro. Não é certo, pois o Brasil é uma das 10 nações do mundo que podem comemorar o fato de ter uma indústria diversificada e capaz de produzir com alta tecnologia, desde fabricação de aviões a sofisticados componentes para computadores, além de ter conquistado a capacidade de autonomia tecnológica para produzir trens de metrô, turbinas de geração de energia e mesmo computadores para uso pessoal.

Outra questão que devemos lembrar nesta data é a conjuntura política nacional, notadamente os avanços obtidos pela classe trabalhadora durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. De 2003 para cá o desemprego diminuiu de patamares em torno de 13% para algo na casa dos 7%. Expressão disso foi a queda da informalidade: aumentou em 50% o número de trabalhadores que emitiram carteira de trabalho. Na mesma medida em que o desemprego caiu no Brasil, subiu em países como a Alemanha, a França, Reino Unido, Estados Unidos e Espanha. Se na Era FHC era um sacrifício enorme angariar ganhos reais de salário mínimo, no governo Lula este índice cresceu 74%, ou seja, muito acima tanto da inflação, quanto do crescimento do PIB no período.

Mas, a luta dos trabalhadores não se restringe a ganhos salariais. A ampliação da democracia é a maior expressão conjuntural de aumento da participação dos trabalhadores no processo político. Por exemplo, nos tempos de arrocho e desemprego dos governos de FHC, a única forma de comunicação direta entre Estado e povo organizado era pela via da invasão de fábricas por tropas do Exército, do lançamento de gás lacrimogêneo e cães sobre os trabalhadores e do assassinato deliberado de líderes do movimento social, conforme os acontecimentos terríveis de Eldorado dos Carajás demonstraram. No ciclo histórico iniciado pelo governo Lula, atualmente milhões de trabalhadores e gente simples do povo tem participado de todo tipo de conferência para discutir os mais variados assuntos da vida nacional. Não somente isso, agora existe um canal direto entre governo e movimentos sociais cujo sentido reside na necessidade de um governo liderado por um operário metalúrgico de se manter vivo entre a classe que o gerou e o temperou para a luta por um país melhor.

Por fim, para o PCdoB é suficiente estas conquistas? Não, pois mesmo diante destas significativas vitórias, o nosso Partido tem muito claro que o rumo não passa pelo retrocesso ou estacionamento de conquistas. Passa por seguir avançando, seguindo adiante num processo histórico que pode culminar num governo dos trabalhadores e das mais amplas massas populares. Resumindo, um governo de caráter socializante. Nosso Partido tem como razão de existência — e oxigênio — a própria classe trabalhadora. Não somos um Partido com meias idéias, nem meios objetivos.

Conquistamos o respeito da classe trabalhadora e mesmo em grandes parcelas do meio político justamente pela nitidez de nossas idéias, opiniões e unidade na ação. O objetivo maior de nosso programa é a instauração de um socialismo com a cara e o jeito do Brasil, não abrimos mão deste objetivo. Porém, não se trata de um ponto a ser conquistado por caminho reto. Para o PCdoB o alcance deste sublime objetivo, no Brasil, está diretamente relacionado com a luta pelo desenvolvimento. Sem desenvolvimento não existe classe trabalhadora forte A regressão econômica de uma nação se expressa no próprio isolamento de nossa classe e sem desenvolvimento estamos condenados ao atraso em todos os seus matizes. E atraso não combina com socialismo. O desenvolvimento é o caminho, o rumo conseqüente é o socialismo. Desenvolvimento com soberania, democratização, progresso social e socialismo sintetizam o programa do PCdoB.

É por esses objetivos que nos entregamos de corpo e alma às aspirações imediatas da classe trabalhadora. É por esses objetivos que denunciamos a atual política monetária pautada pelo Banco Central, de aumentos exorbitantes das taxas de juros. É por esses objetivos que estaremos na linha de frente de um enfrentamento de cunho estratégico nas eleições deste ano, onde não estará em jogo simplesmente a troca de governo deste ou daquele matiz. Estará sim em jogo a continuidade do ciclo político iniciado com a eleição do presidente Lula ou o retrocesso ultraconservador daqueles mesmos que não tinham escrúpulos em lançar contra os trabalhadores tropas, cães, gases de efeito moral.

Enfim, estará em jogo o próprio futuro da classe trabalhadora brasileira! E onde tem luta, tem PCdoB.

*presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

Fonte: Blog do Renato