George Câmara: O 1º de maio e a agenda dos trabalhadores em 2010

Passados 124 anos dos acontecimentos de maio de 1886 em Chicago, nos Estados Unidos, o Dia Internacional do Trabalhador se consolidou como agenda obrigatória em todo o planeta. Uma data histórica não apenas para o mundo do trabalho, mas para toda a sociedade. Afinal não é o capital o grande responsável pela produção e reprodução da riqueza em toda a humanidade. É o trabalho, categoria que ocupa a centralidade em todas as sociedades.

1º de Maio em Chicago
Ao contrário do que defende a minoria privilegiada, o capital é resultado do trabalho. Cabem a reflexão e o questionamento: a apropriação dos resultados dessa produção de riquezas por uma pequena parcela de capitalistas é justa? O preço pago pelo conjunto da sociedade, sob a forma de desigualdade social, é inerente à natureza humana ou é produto do modelo de exploração de classes?

Hoje comemoramos as vitórias alcançadas com a luta dos trabalhadores ao mesmo tempo em que travamos outras batalhas, em busca da afirmação da dignidade humana, absolutamente negada pelo capitalismo. Nessa trajetória, qual o alvo a ser atacado: as causas, ou apenas os efeitos das desigualdades e das injustiças presentes na sociedade capitalista?

A grande bandeira dos trabalhadores, que faz abalar o carcomido reino do capital, é a luta pela superação do capitalismo e construção da sociedade socialista, onde impera outro reino, o do trabalho. Daí o temor e o tremor da burguesia quando se fala nesse assunto. Daí as mistificações e manipulações da mídia e demais aliados do capital para confundir os trabalhadores e o povo. E para manter a sociedade passiva e conformada frente a tais injustiças.

Sem perder de vista o horizonte estratégico de luta pela construção do amanhã, é preciso, por outro lado, identificar e definir nossos objetivos mais imediatos. Que desafios a superar? Que caminhos a percorrer nessa luta? Com quem devemos nos aliar para o êxito nessa caminhada?

O ano de 2010 é emblemático e decisivo para tais definições, colocando aos trabalhadores, ao mesmo tempo, oportunidades e ameaças. Desafios e tarefas que não podem esperar, sob pena de pagarmos elevado preço. Três pontos, em nossa opinião, se destacam nesse horizonte imediato na agenda do trabalho: as eleições de 2010, a reconstrução da unidade dos trabalhadores e a conquista de uma pauta imediata de reivindicações.

O quadro político e eleitoral de 2010 não deixa margem a qualquer dúvida. Diante do amadurecimento da sociedade brasileira, tudo indica que o confronto será programático e terá caráter plebiscitário. Vai vencer a afirmação de um projeto soberano que dignifica o Brasil e o povo, que está em curso, ou teremos um retrocesso neoliberal com a vitória da oposição conservadora do PSDB / DEM? Para os trabalhadores, é nítido o caminho. Lutar pela vitória do projeto democrático e progressista em curso no país e acelerar o ritmo das mudanças na aplicação desse projeto.

Quanto à retomada da unidade do Movimento Sindical brasileiro, a agenda que se coloca é produto da maturidade e do esforço conjunto pela construção da Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras – CONCLAT, que acontecerá em 1º de junho de 2010, em São Paulo. Parabéns aos defensores e construtores desse caminho.

A pauta de reivindicações deverá incorporar as bandeiras mais urgentes, produto da luta dos últimos anos: Redução da Jornada de Trabalho; Fim do Fator Previdenciário; Valorização do Salário Mínimo; Igualdade de Direitos e Oportunidades entre Homens e Mulheres; Convenção 158 da OIT (pelo fim da demissão sem “justa causa”); Desenvolvimento com Valorização do Trabalho; e Reforma Agrária Já. Diante desses desafios não há outro rumo. À luta, companheiros (as).

 

por George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB (22/04/10) www.georgecamara.com.br