Metroviários denunciam expensão irresponsável da Linha 4-Amarela

Em carta aberta à população, Sindicato dos Metroviários de São Paulo denuncia os riscos da Linha 4-Amarela do Metrô, cujos trens circularão sem manobrista. O documento faz também um breve levantamento dos acidentes causados pela construção da linha até agora, inclusive com algumas vítimas fatais. Confira a íntegra.

caos no metrô

Aperte o cinto! O trem da Linha 4 NÃO tem operador

Há muita propaganda da expansão do metrô por aí, mas o governo estadual ainda não contou que os trens da Linha 4 – Amarela funcionarão automaticamente. Não haverá operadores para atuar em situações de emergência. Tudo o que acontecer durante o percurso dos trens estará submetido à atuação de máquinas e sensores, por controle remoto.

O governo estadual vai colocar trens sem operador para transportar milhares de usuários por dia na Linha 4, ao contrário do que acontece nas demais linhas, onde a atuação de funcionários treinados é indispensável.

A modernização é bem-vinda quando beneficia os cidadãos. Neste caso, no entanto, está colocando a segurança das pessoas em risco!

Nas maiores cidades do mundo, e mesmo com a alta tecnologia, os metrôs continuam sendo operados por funcionários treinados.

É inadmissível que coloquem em risco a segurança da população, para beneficiar a empresa privada que pretende operar o metrô. É inaceitável que coloquem a segurança das pessoas em risco para economizar com a contratação de empregados!

Não podemos esquecer que estes trens sem operador vão circular em uma linha que está sendo construída com suspeitas de segurança. Se o seu padrão de qualidade for baseado na construção da estação Pinheiros (que desabou em 2007 e causou a morte de 7 pessoas), há muito mais o que se questionar!

São Paulo precisa de metrô, sim! Mas com qualidade e segurança! Exigimos trens com operadores!

São Paulo: um estado privatizado

Como resultado da política de privatizações no estado de São Paulo, tivemos milhares de pessoas desempregadas, piora na qualidade dos serviços, antes públicos, encarecimento de tarifas, além do enfraquecimento do poder de intervenção do Estado.

No Metrô, a Linha 4 – Amarela foi construída com 75% de verbas públicas e será explorada durante 30 anos pela iniciativa privada – coincidentemente, as mesmas empresas que administram mais de 140 pedágios nas estradas paulistas.

A morte de 7 pessoas no desabamento da Linha 4 é uma das consequências da privatização do Metrô, e ainda poderão surgir novas vítimas se os trens começarem a circular sem operadores. Não vamos aceitar isso!

Exigimos nosso direito de ter transporte público, estatal e com segurança!

Outros resultados da privatização da Linha 4 – Amarela

Outubro/06: Operário morreu soterrado depois de desmoronamento em túnel de 25 metros de profundidade na estação Oscar Freire.

Janeiro/07: Obra da estação Pinheiros demoliu causando a morte de 7 pessoas.

Agosto/07: Solo da rua dos Pinheiros cedeu abrindo um buraco com 1,5 metro de diâmetro no topo, 3 na base e 2 de profundidade.

Setembro/07: Túneis se desencontram entre os postos Três Poderes e Caxingui, região do Butantã.

Junho/08: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) apontou desconformidades como causa da tragédia da estação Pinheiros, como a ausência ou quantidade inferior à necessidade de fibras de aço e a presença de placas de concreto de sustentação ao túnel com dimensão inferior do que o previsto.

Fonte: Sindicato dos Metroviários de São Paulo