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Violeiro faz saudação ao MST na Virada Cultural em SP

No encerramento da Virada Cultural, em São Paulo, com o quarteto do show "Cantoria", o violeiro Vital Farias fez uma saudação ao MST, nesta noite de domingo. Farias colocou o dirigente do MST João Pedro Stedile na lista de pessoas que contribuíram na trajetória do quarteto e com o Brasil.

Depois, o violeiro completou que o MST é o "movimento mais sério do país". O show "Cantoria" reuniu, além de Vital Farias, Elomar, Xangai e Geraldo Azevedo. Mais de 40 mil pessoas assistiram à apresentação, na Praça Julio Prestes, no centro da cidade.

O quarteto cantou também a música "Procissão dos Retirantes", de Martim César e Pedro Munhoz, que é militante do MST.  Essa canção venceu o 1° Festival Nacional da Reforma Agrária, realizado em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, em fevereiro de 1999.

No show, Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo revisitaram suas parcerias e investiram em pérolas do cancioneiro popular nordestino e em alguns de seus sucessos enquanto artistas solo.

Há 20 anos, os quatro se reuniram em Salvador e fizeram uma histórica “Cantoria” no Teatro Castro Alves. Abaixo, segue a letra da canção Procissão dos Retirantes

Procissão dos Retirantes

Composição: Pedro Munhoz / Martim César

Terra Brasilis, continente,
Pátria mãe da minha gente
Hoje eu quero perguntar
Se tão grandes são teus braços, por que negas um espaço aos que querem ter um lar?
Eu não consigo entender
Que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão
Lavradores nas estradas
Vendo a terra abandonada
sem ninguém para plantar
Entre cercas e alambrados, vão milhões de condenados
a morrer ou mendigar

Eu não consigo entender
Achar a clara razão
de quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão

No eldorado do Pará
Nome índio carajás,
o massacre aconteceu
Nesta terra de chacinas
essas balas assassinas
todos sabem de onde vêm
É preciso que a justiça e a igualdade
sejam mais que palavras de ocasião
É preciso um novo tempo em que não seja só promessa
repartir até o pão
A hora é essa de fazer a divisão

Eu não consigo entender
Que em vez de herdar um quinhão
teu povo mereça ter
só sete palmos de chão

Nova leva de imigrantes
Procissão dos retirantes
Só a terra em cada olhar
Brasileiros, vão com nós
Vão gritando, mas sem voz
Norte a sul
não tem lugar

Eu não consigo entender que nessa imensa nação
ainda é matar ou morrer
por um pedaço de chão

Pátria amada, ó Brasil
De quem és, ó mãe gentil
eu insisto em perguntar

Dos famintos, das favelas
ou dos que desviam verbas
pra champagne e caviar

Eu não consigo entender
Achar a clara razão
de quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão

Fonte: MST