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Isabela Santos: É preciso mudar o comportamento dos policiais

É necessário, investimento em formação acadêmica, salários e a supressão de profissionais psicológicamente despreparados do campo policial

Por Isabela Santos

O sistema policial brasileiro já está farto de provas que indiquem uma mudança nas regras para o comportamento dos agentes nas abordagens de suspeitos e em muitos casos insuspeitos, de crimes que violam a Constituição Brasileira.

Os últimos casos de abuso de poder policial que ocorreu no Estado de São Paulo são um alerta, de como há um déficit nas tangentes que incorporam a defesa da nossa nação. Os Direitos Humanos sempre se perdem quando é necessária, uma ação do poder, qualquer poder no Brasil, que incline a petulância, as podres trocas de favores e a ascensão dos discriminados em acordos que não dão votos.

Um ser humano que não se sensibiliza ao ver uma mãe clamando para que seu filho não morresse espancado, e que ainda em meio a tanta frieza, teve coragem de satirizar a aflição, chamando-a de canguru porque pulava no desespero, como no caso do motoboy Alexandre Menezes de 25 anos, na Zona Sul de São Paulo que morreu ao ser espancado por dois policiais na frente da mãe, Maria Aparecida de Oliveira Menezes. Profissionais como esses, jamais, poderia fazer parte dos agentes defensores da lei desse país Independente do crime cometido por esse jovem, que nesse caso foi a falta de emplacamento da moto, deveria seguir o procedimento previsto na Constituição, mas os policiais preferiram a repressão inescrupulosa que levou à morte do garoto.

É comum vir à tona casos de policias, que além de proceder de abordagens violentas a quem não tem certeza se é ou não criminoso, às vezes pela própria natureza, fazem o uso notório de drogas, substâncias que influenciam na consciência mental. E sem nenhum medo, conduzem o suborno, apaziguam crimes de conhecidos e ironizam o papel de agentes da paz. E quanto aos argumentos reacionários, de que é assim que devem ser tratados os bandidos, que isso valha à auto-bandidagem de quem argumenta, porque por mais que o país se apegue ao conceito de intolerância relacionamental, há muitos brasileiros que querem e merecem serem tratados com gentileza, seja numa abordagem policial, ou em um atendimento no supermercado. Afinal, não é o uso da violência que vai fazer o bandido virar mocinho, ou o policial se safar de uma morte, mas sim o uso de muita estratégia psicológica, que por sinal é muito mal ensinada e absorvida no processo precário de formação dos policiais brasileiros. Afinal, quantos policiais morrem, ao querer ser o herói, atirando impulsivamente nos bandidos?

Esses argumentos não contemplam o objetivo de recriminar os homens e mulheres que aderiram a essa profissão. A crítica é ao sistema policial, inclusive para defender os bons profissionais atuantes, dos quais a sociedade precisa. É necessária uma transformação urgente nesse sistema, que filtrem os maus profissionais, que subsidie uma formação acadêmica decorosa, contemplando as disciplinas necessárias para a atuação, principalmente a psicologia, sociologia, direito, comunicação e expressão e um reforço no treino das práticas de defesa e estratégia. É mais que necessário ainda, o aumento nos salários desses servidores, que com a formação e os critérios sugeridos aqui, não é qualquer um que poderá servir a essa profissão.

E a partir dessas mudanças, é necessário abrir urgente um espaço de transformação na organização da Constituição Brasileira, e suas brechas a mercê dos Poderes, que compostos humanisticamente, no sentido de humano, também pende às falhas e à injusta parcialidade.

Isabela Santos é jornalista. 

Fonte: http://www.tramesdaisa.blogspot.com/