Rede elétrica de trólebus é sucata em SP

Os fios da rede têm uma emenda a cada 58 metros, segundo levantamento do consóricio que explora o serviço na capital. SPTrans e AES Eletropaulo não concordam que rede está deteriorada (ainda que as evidências demonstrem o contrário) .

A cada 58 metros, uma emenda e um sacolejo. Assim é a viagem nos 171 trólebus em circulação por São Paulo. Um levantamento realizado a pedido do consórcio que explora o serviço revela que a rede elétrica que alimenta os veículos está deteriorada e cheia de remendos. São 134 km de linhas.

O contrato entre a Prefeitura e a AES Eletropaulo (responsável pela manutenção da rede elétrica utilizada pelos trólebus, ainda que não venha desempenhando a contento a função, especialmente pós-privatização do setor pelo PSDB) termina no final do ano e, diante da necessidade de restauração do sistema, a Comissão de Trânsito e Transporte da Câmara Municipal de São Paulo se reuniu com representantes da SPTrans e da concessionária para avaliar o problema.

“A rede foi se deteriorando com o tempo e hoje a média é de uma emenda a cada 58 metros”, diz o presidente do Consórcio Leste 4, André Martins.

Segundo ele, essa é uma das causas que levam as hastes que se conectam com a rede elétrica a escapar constantemente. Por contrato, a operação e a manutenção da rede de energia é de responsabilidade da Eletropaulo, mas a empresa considera a possibilidade de transferir a obrigação para a Prefeitura.

Procurada pela reportagem, a empresa diz por e-mail que isso pode acontecer “desde que se avalie a questão de forma integral”. Sobre o final do contrato, a Eletropaulo afirma que “há sempre oportunidade de discutir os termos do contrato". "O contrato será avaliado e a empresa se pronunciará a respeito no momento do vencimento do mesmo.”

Apesar das afirmações do presidente do Consórcio 4, tanto a Eletropaulo como a SPTrans são unânimes em afirmar que o sistema não está sucateado. Martins não concorda. “Estamos investindo em tecnologia, mas a rede está sucateada”, diz ele, que explica que quando o serviço passou por licitação estava prevista a obrigação de a empresa substituir 140 trólebus por novos veículos.

Após nove anos de uso, os novos trólebus operados pelo consórcio passam a pertencer ao município. Até agora, apenas 11 veículos foram substituídos. “Nossa ideia é colocar esses 140 trólebus novos na rua o mais rápido possível, até porque pagamos aluguel desses que estão rodando, pois são públicos”, afirma.

Sobrevida

Antes de diminuírem dez vezes, São Paulo já chegou a ter cerca de 1,7 mil unidades em operação. Vias como a Rua Augusta, na região da Avenida Paulista, e a Marques de São Vicente, na Zona Oeste, eram cortadas pelos cabos de energia elétrica que alimentavam os veículos.

Há sete anos, ainda existiam cerca de 500 em operação. Hoje, as 171 unidades (de uma frota total de 190), divididas em 11 linhas, fazem a ligação entre a Zona Leste e a região central da cidade, cobrindo uma distância de 134 km. Por mês, cerca de 2,5 milhões de passageiros são transportados.

Da redação, com G1