Marcha pelo emprego leva mais de 15 mil às ruas de Salvador
Trabalhadores da indústria da construção civil comandaram uma grande marcha em Salvador, nesta sexta-feira (21/5), em defesa dos direitos dos trabalhadores e pela garantia da manutenção dos postos de trabalho no setor que é um dos principais geradores de emprego em todo país, segundo dados recentes do IBGE e Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). A manifestação reuniu cerca de 15 mil pessoas ao longo dos 16 km, da Paralela até o Corredor da Vitória.
Publicado 21/05/2010 20:02 | Editado 04/03/2020 16:20
O Ministério Público Federal e Estadual, e o Ibama apresentam liminar alegando autorização indevida das licenças ambientais concedidas pela Prefeitura de Salvador entre 2005 e 2010. Caso efetivada, a medida implicará na demissão massiva de 50 mil trabalhadores, o que representaria um acréscimo de 20% no contingente de desempregados em Salvador. Estima-se, ainda, que cerca de R$ 100 milhões, em salários, deixariam de circular na economia, e mais R$ 200 milhões em materiais, por mês.
“Em que pese a Bahia ser o estado que mais contribui com a geração de empregos no Nordeste, seria um balde de água fria ao crescimento econômico, considerando a importância econômica da construção civil e do setor de serviços na elevação do PIB”, pontuou o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Adilson Araújo. Ele ressalta que o movimento sindical é a favor do equilíbrio entre preservação e sustentabilidade ambiental, e a geração de emprego e renda. “Não é contraditório preservar o meio ambiente e apostar no desenvolvimento. Mas, na medida em que conseguimos uma ascensão, que o mercado aqueceu e que as obras foram realizadas, não há porque cortar postos de trabalho; pelo contrário, nós temos que dar sequência e buscar, evidentemente, esse equilíbrio necessário entre preservação e produtividade, a partir do diálogo”, destacou Adilson.
Para os representantes do movimento sindical que organizaram a manifestação – além da CTB, a CUT, a Força Sindical, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e Madeira – Sintacrom, e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada, Montagem e Manutenção – Sintepav – a responsabilidade do imbróglio parte da Prefeitura, ao conceder licenças para construções sem o devido trâmite legal junto às instituições responsáveis, a exemplo dos conselhos municipais e estaduais do Meio Ambiente, e o próprio Ibama. “O grande problema de insegurança jurídica hoje, sobre essa questão das licenças de obras em Salvador, é justamente a prefeitura que não está respeitando as instituições que devem emitir licença ambiental de obra, de construção em determinados locais da cidade”, explicou o presidente do Sintracom, Raimundo Brito.
A passeata, que também acarretou na paralisação das atividades em diversos canteiros da cidade, com mais de 20 mil trabalhadores de braços cruzados, seguiu até a chegada ao Ministério Público da Bahia e à direção do Ministério Público Federal. O saldo da reunião, segundo Brito, foi positivo e, inclusive, o Sindicato foi convidado a participar de audiência com representantes do município e das instituições do meio ambiente no dia 2 de junho. “A expectativa é que a gente encontre uma saída para que os trabalhadores não percam o emprego e não sejam prejudicados. E nós tivemos essa garantia, das duas instituições, Federal e Estadual”, afirmou.
De Salvador,
Camila Jasmin