PSDB/SP lança Alckmin ao governo do estado
Com indisfarçável inexistência de projeto político, a convenção do PSDB de São Paulo se transformou ontem em palco de críticas à candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, e sagrou o ex-governador Geraldo Alckmin o candidato do PSDB ao governo do Estado.
Publicado 14/06/2010 13:29 | Editado 04/03/2020 17:18

"Quem quer dirigir o Brasil não pode andar na garupa. Porque quem pega carona e vai na garupa não guia, não breca, não acelera, não conduz", afirmou Alckmin, que vinha sendo pressionado no PSDB por seu pouco empenho em prol de Serra. Absolutamente compreensível, uma vez que Serra praticamente o abandonou a míngua em detrimento de seu pupilo de estimação, Gilberto Kassab, do DEMO, nas eleições municipais de 2008.
O ex-governador fez referências indiretas aos últimos factóiodes criados pelo PSDB e reverberados pela mídia hegemônica, como os dossiês e as multas do TSE a Lula. "Alguns não querem entender isso. Preferem fazer intriga, desrespeitar a lei, antecipar a campanha, zombar da Justiça e das instituições", aparentemente se esquecendo do aumento brutal de gastos da SABESP e do Metrô com publicidade este ano e da partidarização do judiciário ao ignorar tais abusos.
Blindagem pela mídia
Com 53% das intenções de votos, segundo pesquisa Datafolha divulgada em março, Alckmin destacou como exemplo para o país os projetos feitos pelo governo estadual durante os 15 anos de administração do PSDB no Estado de São Paulo, sem entrar em detalhes sobre a crise da segurança pública ou as sucessivas greves na educação pública do estado, que a grande mídia esconde ou mesmo criminaliza.
Após o discurso, Alckmin disse que a eleição presidencial será melhor sem Lula, que lhe deu uma surra nas urnas em 2006. "O presidente da República não é candidato, o que criava um desequilíbrio." Disse ele, eufêmico. A linha de raciocínio seguida pelo candidato tucano parece ignorar também sua própria história, de vice-governador inexpressivo eleitoralmente, alçado à condição de governador do estado com a morte de Mário Covas.
Depois de ter feito anteontem em Salvador seu discurso mais duro contra o PT, Serra preferiu uma fala mais contida. O presidenciável defendeu a administração que fez em São Paulo e pediu um governo de continuidade sem continuísmo, em que pese não tenha conseguido explicar o que isso quer dizer.
Senso de humor
Os outros dez oradores seguiram a linha de ataques ao PT. "Nesse Estado não se compram partidos políticos, movimentos sociais ou sindicatos", disse o governador Alberto Goldman (PSDB).
Candidato ao Senado na chapa, Orestes Quércia (PMDB) criticou o seu partido pela aliança nacional com o PT, partido com o qual esteve aliado até as eleições de 2004, quando foi recusado na chapa de Marta Suplicy à prefeitura da capital. Disse que a falta de experiência de Dilma fará com que ela tenha dificuldade de controlar o Congresso, que, segundo ele, tem "500 cobras criadas". O experiente político ignora que não seja prerrogativa do presidente da república controlar o Poder Legislativo, não sob um regime democrático.
Confusão no ninho
Antes dos discursos, a convenção, que aconteceu na Assembleia Legislativa, foi marcada por um tumulto envolvendo o vereador Ricardo Montoro (PSDB) e o ex-secretário Andrea Matarazzo, impedidos de subir ao palco.
"Vocês vão ter que me deixar entrar", gritava Montoro.
Na confusão, uma militante passou mal e foi levada ao ambulatório. O tumulto só terminou depois que o acesso dos dois foi liberado.
A convenção também oficializou 140 candidatos à Câmara dos Deputados e 188 à Assembleia Legislativa.
Da redação, com informações Folha de S.Paulo