Movimentos sociais mobilizados contra a Transcon em Salvador

Após o protesto contra as irregularidades no uso da Transferência do Direito de Construir (transcon) na orla marítima, na tarde desta quarta-feira (º1/9), na praça Municipal, os movimentos sociais de Salvador decidiram permanecer em mobilização constante até que as denúncias sejam apuradas. As entidades cobram ainda a instalação da Comissão Especial de Investigação (CEI) na Câmara de Vereadores e a implantação imediata do Conselho Municipal da Cidade, eleito no ano passado.

“Formado por representantes do Poder Público e da sociedade civil, é o Conselho que discute todas as questões referentes á cidade. Se tivesse sido instalado, como determina a Lei, certamente problemas como o uso das transcons para verticalização da orla e o desmatamento da Paralela não estariam acontecendo”, afirmou o presidente do Instituto dos Arquitetos da Bahia, Daniel Colinas.

Representantes de diversas entidades também cobraram agilidade na instalação do Conselho. “O Movimento social vai continuar denunciando os desmandos do prefeito João Henrique e o plano de integrar a orla de Salvador à especulação imobiliária. A remoção das barracas de praia e o uso das transcons para verticalizar a área são apenas alguns indícios desta manobra, que tem como objetivo afastar a população mais pobre das praias. Precisamos cobrar a instalação da CEI para investigar a questão”, enfatizou o secretário de Comunicação do PCdoB em Salvador, Emanoel Souza.

Durante o ato público os manifestantes cobraram também o afastamento do superintendente de Controle do Solo (Sucom), Cláudio Silva, e dos demais envolvidos no escândalo das transcons. “Um grupo de vereadores continua buscando a instalação da CEI, mas ainda faltam seis assinaturas. Novas denúncias falam de um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões. Não podemos nos calar diante de tantas denúncias de corrupção com o dinheiro público”, reforçou o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil na Bahia, Adilson Araújo.

Este é o segundo protesto organizado pelo movimento social para pedir a instalação da CEI para apurar as denúncias da ex-secretária municipal de Planejamento, Kátia Carmelo, de que o uso irregular das transcons por empresários do setor imobiliário, com conivência da Sucom, já teria causado o prejuízo de mais de R$ 500 milhões aos cofres públicos. Na quarta-feira passada, entidades do movimento popular tentaram lavar as escadarias da Prefeitura, mas foram impedidos por guardas municipais e policiais militares, que chegaram a apontar a arma para alguns manifestantes.

De Salvador,
Eliane Costa