Após problemas de ontem, Metrô tem outra paralisação

Uma composição na linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo teve falha no sistema pneumático nesta quarta-feira. Ontem, um blusa presa na porta de um vagão causou a paralisação de toda a linha, prejudicando 150 mil pessoas.

A falha desta quarta-feira aconteceu às 8h09 no sentido Palmeiras-Barra Funda. Os passageiros que estavam no vagão foram transferidos para os outros carros do trem. Segundo o Metrô, a situação foi normalizada às 8h17. O carro com defeito foi para a manutenção.

Caos

Na manhã desta terça-feira, uma blusa presa na porta de um trem paralisou toda a linha 3-Vermelha do metrô. Com a interrupção da energia, os passageiros chegaram a andar pelos trilhos. A circulação de trens só foi restabelecida após mais de duas horas, cerca de 150 mil pessoas foram afetadas.

Por meio de nota, a direção da empresa informou que a paralisação não foi causada por falha técnica. Entretanto, a confusão toda poderia ter sido evitada. Com a paralisação do trem — que ficou sem ventilação e sem iluminação–, usuários acionaram o botão de emergência, abrindo todas as portas da composição. O mesmo aconteceu com o trem que vinha atrás da primeira composição e em diversos outros que circulavam na via. Pessoas desceram na via, obrigando o Metrô a interromper o fornecimento de energia no trecho e causando restrição na circulação de toda a via; 17 trens foram danificados.

Passageiros relataram que pessoas passaram mal e foi necessário quebrar vidros das composições para sair delas. Durante a paralisação na linha 3, pontos de ônibus ficaram lotados, e o trânsito ficou complicado em vias da zona leste –como a Radial Leste. O problema começou a ser normalizado às 10h14, com o restabelecimento da energia.

Segundo usuários, problemas são frequentes

Kelvesson Randy, 26, diz que cansou de chegar atrasado ao trabalho. Depois de enfrentar o caos da linha 3-Vermelha nesta terça-feira (21) e de ficar parado dentro do trem duas vezes na última semana, decidiu abandonar o metrô e abraçar o trânsito de São Paulo. Sairá de carro, da sua casa na zona leste, para ir trabalhar na zona norte. "De metrô você sai de casa sem um horário definido pra chegar. Todos os dias tem algum tipo de problema", afirma.

"Esse tipo de problema é comum, quando o trem para as pessoas quebram tudo mesmo", disse uma passageira, contrariando as propagandas eleitorais tucanas.

Assim como Randy, vários usuários reclamavam de problemas frequentes nos trens. Desde o começo de agosto, foram ao menos sete, noticiados, inclusive, pela grande imprensa, que provocaram atrasos, paralisações e superlotação das estações.

As causas variam: queda de energia, falha elétrica, trem raspando na plataforma, problema de tração e até um raio que atingiu os trilhos.

"Lentidão pequena é todo dia. Problemas grandes como esse acontecem pelo menos três vezes por mês", afirmou o jornalista Arthur Felipe, que ontem desistiu de esperar o metrô na estação Sé e foi embora de ônibus.

Edileuza Barbosa dos Santos, operadora de telemarketing, só começou a pegar metrô diariamente em agosto. E reclama: "Já deu pra sentir que é ruim, falha demais. Sempre tem algum problema".

Superlotação

Segundo Wagner Fajardo, secretário geral do sindicato e presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), o número de usuários do metrô cresce a cada dia. "O número de composições já foi aumentado e não resolveu o problema de lotação. O sistema atual não comporta mais trens, é preciso construir novas alternativas. Enquanto isso, a população continuará sujeita a passar por situações como a que ocorreu hoje", disse o sindicalista.

O metrô de São Paulo tem cerca de 3,4 milhões de passageiros por dia, destes 1,2 milhão são usuários da linha 3-Vermelha, segundo Fajardo.

Questionado sobre a crítica do sindicato, o Metrô não se manifestou sobre o assunto.

Por meio de nota, a direção da empresa informou que a paralisação não foi causada por falha técnica. Em outras palavras, o Metrô não se responsabiliza pelo caos que atingiu 150 mil pessoas ontem.

O Metrô informou ainda que, durante a ocorrência, foram emitidas mensagens sonoras nos trens e estações de todo o sistema e devolvida a passagem aos usuários que optaram por sair das estações. Rizível.

Monotrilho

Para Fajardo, o monotrilho –tipo de trem com pneus que rodará sobre estruturas elevadas– da linha 17-ouro, que fará a ligação entre as linhas 4-Amarela e 5-Lilás do metrô (da região do aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara), não vai resolver o problema da superlotação. O governo paulista prometeu entregar o transporte até 2013.

"É um equívoco muito grande. A linha 2-Verde vai sair da Vila Prudente e irá até Tiquatira, o usuário que vier de Itaquera [linha 3-Vermelha], vai descer na Penha e superlotar o metrô que vai para a avenida Paulista. Quem chegar do monotrilho na Vila Prudente não vai conseguir entrar no metrô, que vai ficar lotado. Tinha que fazer um metrô até Cidade Tiradentes e garantir que as linhas cruzem", afirma o sindicalista.

Alckmin tenta limpar sua barra

Na ressaca da pane que paralisou o Metrô de São Paulo ontem e elevou o tom das críticas da oposição ao transporte público de São Paulo, o candidato ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) percorrerá hoje o trajeto entre as estações Clínicas e Tietê em "horário de pico", no final da manhã. Final da manhã não é horário de pico.

A pretexto de celebrar o "Dia Mundial sem Carro", o deslocamento tentará simbolizar a defesa da confiabilidade do sistema, administrado há 16 anos pelo partido e apresentado nas propagandas como símbolo de excelência e conforto em transporte público.

O governo estadual procurou despolitizar o incidente, apesar de, em mais uma demonstração de paranoia e total incapacidade autocrítica, a campanha tucana aventar a hipótese de sabotagem. Ontem, por exemplo, Soninha Francine (PPS), ex-petista raivosa que agora trabalha fervorosamente para a campanha de internet de José Serra, insinuou no Twitter uma sabotagem. Sofreu uma saraivada de críticas pelos usuários do microblog.

Da redação, com informações