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Brasil ainda precisa se esforçar para combater desigualdades

O Brasil ainda precisa de grande esforço para combater a desigualdade de poder – econômico, político, social, militar. “Apesar de sermos a oitava economia do mundo, representamos apenas 2,3% do Produto Mundial, enquanto a primeira economia representa 23%. O dado ilustra o quanto a desigualdade precisa ser combatida”, disse o embaixador Antônio Patriota, ministro interino Relações Exteriores, nesta quinta-feira (23), no 10o Encontro Nacional de Estudos Estratégicos (ENEE), em Brasília.

Brasil ainda precisa se esforçar para combater desigualdades - Ag. Brasil

Patriota reconhece os grandes avanços por que passou o Estado brasileiro passou nos últimos anos, mas destaca que, apesar de toda essa conjuntura favorável, existem grandes desafios que a política externa brasileira ainda precisa enfrentar até 2022.

E apontou, entre eles, consolidar a América do Sul como espaço de paz, prosperidade e democracia; contribuir para que se realize um cenário de multipolaridade de cooperação no mundo, sem deixar de levar em conta o “G-172”; e trabalhar por um consenso nacional mais sólido sobre o que o Brasil deseja ser na esfera internacional.

“Não podemos esquecer que, apesar de o G-20 ser um progresso importante, ainda temos o G-172, nome que costumo usar para os 172 membros das Nações Unidas que não fazem parte do G-20, das mesas de debate e negociação, mas que representam uma força política que não pode ser negligenciada”, disse.

Autoridade política e moral

“O Brasil, em função do seu desenvolvimento social, ambiental, econômico e político, acumulou um capital que lhe confere autoridade política e moral em quase todos os debates internacionais”, afirmou o chanceler, defendendo um cenário internacional que não reproduza as assimetrias do passado e o engajamento brasileiro nos mecanismos de cooperação internacional.

O bom entendimento com os vizinhos sul-americanos, a participação nas operações de paz e a capacidade de interlocução do Brasil com todos os demais pólos de poder, como os Estados Unidos, países europeus, do Oriente Médio, da África e do Extremo-Oriente credenciaram o Brasil, segundo Patriota, para uma participação cada vez mais influente no cenário internacional.

Para Patriota, o mundo hoje ainda é unipolar, em função do poder econômico e militar dos Estados Unidos, mas começa a adquirir características bipolares, com a China despontando como segunda economia mundial, e multipolares, ainda de maneira incipiente.

Ferramenta para segurança

No evento, que prossegue até amanhã (24), reunindo mais de mil especialistas, acadêmicos e funcionários civis e militares do governo, estão sendo debatidos os desafios do Plano Brasil 2022 para o Estado, a Sociedade, a Economia e a Infraestrutura do Brasil no ano em que comemora o segundo centenário da sua Independência.

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, promotor do evento, destacou que desenvolvimento social, político e econômico é uma ferramenta para garantir a segurança do Estado. Segundo ele, sem segurança pode até haver desenvolvimento, mas sem desenvolvimento é difícil haver segurança.

O ministro destacou também a crescente complexidade e diversidade dos interesses nacionais no exterior, que apontou como um dos grandes desafios do Estado brasileiro. Para ele, essa complexidade de interesses torna também mais complexa a ação do Estado, que precisa se articular ainda mais com a sociedade. “Estado e sociedade não podem ser vistos separadamente porque o Estado não é mais do que o conjunto de instituições, normas e indivíduos, encarregados de elaborar e aplicar normas, e dirimir conflitos”, afirmou.

De Brasília
Com informações da SAE