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Oposição X Governo: Dilma vence também com maioria no Congresso

A relação entre situação e oposição no governo Dilma Rousseff (PT) ainda é considerada incerta por analistas e políticos. A base aliada fez maioria no Congresso, mas o PSDB conquistou o governo em oito estados, incluindo São Paulo e Minas Gerais. Para o líder do Bloco de Esquerda, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), “a oposição tem papel a desempenhar e deve ser respeitada, mas não é aceitável que se comporte com atitude de confronto de interesses do Brasil”.

Para Daniel Almeida, “desde o processo de redemocratização não tivemos um momento mais favorável de alinhamento do Executivo e Legislativo – aliança tão ampla que garantiu maioria tão expressiva -, por isso tenho confiança de que poderemos tratar de temas que não foi possível tratar em período anteriores.”

Dilma contará com 311 dos 513 deputados. Se incluir os partidos que hoje apoiam o Governo Lula, esse número sobe para 402 deputados – a maior desde a redemocratização do Brasil. No Senado, a petista também terá maioria, de 52 a 60 das 81 cadeiras.

A fala do líder comunista desmente a avaliação do deputado João Almeida (PSDB-BA), que disse que “o governo continuará com folga para aprovar matérias ordinárias e até leis complementares, mas matéria constitucional não será muito fácil, pois a participação popular será maior agora do que no passado."

Para Daniel Almeida, a avaliação do tucano está “desfocada da realidade, porque a opinião pública manifestou forte preferência pelo projeto apresentado por Dilma e a base aliada eleita para o Congresso reflete a opinião popular”, diz, acrescentando que “não vejo nenhuma movimentação popular coordenada pela oposição raivosa. O povo brasileiro amadureceu para não entrar em clima de animosidade.”

Desarmar palanque

O líder do Bloco de Esquerda manifesta preocupação com o tom de agressão e baixo nível que a oposição demonstrou logo após a proclamação do resultado. E aconselha que a oposição “desarme o palanque e ocupe o papel de pensar nos interesses do Brasil”, lembrando que “a oposição tem papel a desempenhar e deve ser respeitada, mas não é aceitável que se comporte com atitude de confronto de interesses do Brasil e nem faça oposição olhando com mágoa e rancor, desprezando o debate político, de projetos.”

Outra preocupação é com possíveis reações do PT a ataques sofridos durante o processo de disputa eleitoral. O deputado Fernando Ferro (PT-PE) garante que os interesses do País não serão atropelados por revanchismos. "Não vamos detratar nem humilhar ninguém. O País é um conjunto de forças, inclusive de pessoas que não votaram em nós, que precisam melhorar a vida e que esperam o nosso trabalho. Nós temos que responder nessa direção".

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que Dilma buscará o diálogo com a oposição para cumprir o desafio comum de manter o ritmo de crescimento sustentável e com inclusão social e redução da miséria.

Já o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), se disse confiante na relação entre a presidente eleita, Dilma Rousseff, e o Legislativo, porque os partidos que compuseram a base de apoio a ela já somam parlamentares suficientes para dar maioria ao governo. "Vivemos uma situação inusitada e muito positiva para a democracia, porque é a primeira vez que um presidente obteve maioria já na eleição", disse.

Para o cientista político Waldir Pucci o sinal de alerta vem de dentro da própria base aliada. Ele lembra que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) vem de um partido grande e com força política. “A gente não sabe como vai ser essa relação de dois grandes agora. O papel de vice-presidente vai ser o de buscar a negociação com o Congresso Nacional. Justamente pela facilidade de trâmite que ele tem junto aos parlamentares. Mas não se pode esquecer que Michel Temer é também um grande defensor do PMDB. E, se houver uma crise entre PT e PMDB, o Michel Temer vai ficar ao lado do PMDB e não ao lado do governo", avalia Pucci.

De Brasília
Márcia Xavier
Com Agência Câmara