Nivaldo Santana: Os trabalhadores e o governo Dilma

Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil com o apoio quase total do movimento sindical. As principais centrais sindicais brasileiras se envolveram na campanha e apenas setores minoritários do sindicalismo se apartaram dessa histórica campanha.

Por Nivaldo Santana, em seu blog

Conclat - Divulgação

A parcela mais representativa do sindicalismo nacional (CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB) realizou no estádio do Pacaembu, no dia 1º de junho, uma nova Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, com 30 mil participantes, e aprovou uma Agenda dos Trabalhadores para o Brasil.

Essa agenda é uma espécie de carta-programa do sindicalismo brasileiro para os próximos anos e serviu de base para justificar e legitimar o apoio majoritário dos trabalhadores brasileiros à continuidade e aprofundamento do ciclo progressista inaugurado com o presidente Lula.

Um breve balanço do governo Lula demonstra, de forma inquestionável, que os trabalhadores avançaram bastante de 2003 até agora. Além do tratamento democrático e civilizado, ao contrário da repressão que era marca registrada do período neoliberal, há um amplo leque de conquistas que precisam ser valorizadas.

Três exemplos expressivos: a política de valorização permanente do salário mínimo, com impacto imediato para milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas, o aumento de quinze milhões de empregos formais e a criação do crédito consignado.

Essas conquistas, aliadas às políticas de transferência de renda, resultaram objetivamente em melhora das condições de vida e em um forte incremento da capacidade de consumo dos trabalhadores. Com isso se fortaleceu o mercado interno brasileiro, âncora decisiva para garantir o crescimento econômico.

Por essas e outras razões, os trabalhadores comemoraram a vitória de Dilma Rousseff e já se articulam para intervir de forma positiva no próximo período. Há uma toda uma pauta a ser debatida, como, por exemplo, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário.

De imediato, já está na ordem do dia a definição do valor do salário mínimo para 2011. Como o ano de 2009 foi atípico, com PIB negativo, as centrais sindicais querem negociar com o atual e o futuro governo a concessão de aumento real para o próximo mínimo.

Para além das demandas imediatas, a grande bandeira para os trabalhadores é a defesa do aprofundamento do projeto nacional de desenvolvimento. O desenvolvimento democrático e soberano que os trabalhadores defendem tem como prioridade a valorização do trabalho.

Valorização do trabalho é incorporar os ganhos de produtividade ao trabalho e, desse modo, ampliar a participação do trabalho na renda nacional. Lutar pelo pleno emprego, pela redução da jornada de trabalho, pela manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas e previdenciários.

Soma-se a isso a necessidade de se assegurar a plena vigência da liberdade e autonomia sindical, do direito de greve, de organização nos locais de trabalho e de autonomia para a sustrntação material das entidades.
A vitória de Dilma, com toda certeza, coloca essa luta em um patamar superior.

A vitória, no entanto, não foi produto apenas da ação organizada e consciente dos trabalhadores. Amplas e heterogêneas forças políticas e sociais sustentam o novo governo, e cada segmento tem seus interesses próprios no governo.

Para fazer valer seus interesses, os trabalhadores, representados por suas centrais sindicais, precisam consolidar e avançar em sua unidade, aumentar sua capacidade de mobilização e defender com vigor e independência as suas reivindicações.

Tais são as tarefas que se avizinham para o próximo período.