Série de ataques violentos deixa a população do Rio assustada

Até agora 22 pessoas morreram – 14 só no dia 24 –, 13 foram presas, um policial foi baleado, cinco ônibus, 12 carros e uma van foram incendiados. Esse é o saldo da série de ataques de bandidos ocorridos desde o último domingo (21).

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Segundo informações da PM, durante as operações foram apreendidas 14 armas – 10 pistolas e revólveres, 1 fuzil AR-15, 1 espingarda calibre 12, 1 sub-metralhadora e 1 granada. Foram encontradas também duas bombas caseiras, cinco litros de gasolina, quantidades não contabilizadas de maconha e cocaína.

A suspeita é de que esses ataques são uma reação das organizações criminosas contra a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O Governo do Estado também analisa a possibilidade da união de duas facções nos ataques: Amigos dos Amigos (ADA) e Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP).

Há cerca de um mês, uma carta assinada pelas três facções – e que agora circula pela internet – foi apreendida. O conteúdo diz que “foi decretada a união dos três partidos CV, ADA, TCP” e que “enquanto tiver repressão da polícia fazendo covardia…todas as comunidades pegarão seus fuzis, atirarão em prédios e em carros importados…”.

UPPs continuam

O governador Sérgio Cabral afirmou que a política de pacificação das comunidades vai prosseguir: “Não vão nos inibir. Semana que vem vamos dar posse à UPP do Morro dos Macacos. Vamos seguir com o nosso trabalho de pacificação de diversas comunidades, e durante o ano de 2011, 2012, 2013 e 2014 nós vamos pacificar todas as comunidades conforme eu me comprometi com a minha população”.

A Polícia Militar informou que todo seu contingente está de prontidão. Segundo o relações públicas da PM, coronel Lima Castro, todos os policiais militares foram convocados e o expediente não tem horário de término.

O governador Sérgio Cabral pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforço no efetivo de policiais rodoviários federais, em conversa por telefone. Lula afirmou que "fará o que for necessário para que as pessoas de bem derrotem aqueles que querem viver na marginalidade”.

Após a conversa com Cabral, o presidente determinou ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que dê o apoio necessário ao combate à violência no estado. “Eu disse ao ministro da Justiça que é para atender o Rio de Janeiro naquilo que o estado precisar”, afirmou durante entrevista em São Paulo.

Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) virão para o Rio para reforçar o policiamento nas estradas federais, na tentativa de conter os ataques. A corporação não divulgou o número de policiais remanejados, mas afirmou que representam um aumento de 200% a 300% sobre o efetivo. Um helicóptero também reforçará as ações táticas. A aeronave deve ajudar no patrulhamento, principalmente na Baixada Fluminense e em vias de acesso à Avenida Brasil.

De acordo com o professor Doriam Borges, pesquisador do Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a insegurança é ocasionada pela sensação de ausência de controle social.

Para Borges, o apoio federal é importante para os moradores do Rio. “A participação do governo federal, nas ações que estamos vivenciando nesses dias, tem um valor simbólico para a população, no sentido de que temos reforços. Não sei se na prática precisamos de reforço desse tipo, acho que somente na subjetividade da população”, afirmou.