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Indígenas chilenos debatem reconstrução da Nação Mapuche

Povos indígenas de diversas etnias do Chile se encontram, desta sexta-feira (26) até o domingo (28), na colina Ñielol de Temuco, na região de Araucanía, no Chile, para a Grande Reunião da Nação Mapuche. Na quinta-feira (25), houve mobilização pela liberdade dos 17 presos políticos mapuche.

De acordo com convocatória das autoridades Mapuche de Meli Witrán Mapu, o encontro tem o objetivo de debater sobre questões referentes à reconstrução da nação mapuche no país. Para isso, as discussões passarão por temas relacionados ao legado ancestral dos mapuche, à continuidade histórica nos territórios e ao respeito à natureza.

"Sabemos que os estados que se formaram em nossos territórios há aproximadamente 200 anos – produto da invasão européia – querem continuar desenvolvendo seu pensamento e querem fazer-nos cúmplices disso através de seus programas, projetos e planos que querem continuar depredando o que, através de milhares de anos, nossas famílias mapuche cuidaram, diminuindo-nos como nação e empobrecendo nossos anseios de liberdade junto ao território ancestral deixado por nossas antigas autoridades mapuche", destacam.

Nesse aspecto, os indígenas também aproveitarão para agradecer e prestar solidariedade às lideranças que lutaram e ainda lutam contra o "pensamento enfermo e contrário à ordem do ad-mapu". As autoridades que convocam a Reunião afirmam que algumas mobilizações em apoio aos indígenas presos já foram pensadas, como o bloqueio de Temuco. "Queremos lhes dizer que os sonhos da gente vão caminhando para um melhor futuro para todas as formas da vida, ainda que saibamos que não será fácil", comentam.
Marcha pelos presos políticos

Mobilizações

As mobilizações em apoio aos presos políticos mapuche já começaram nesta quinta (25) com uma marcha convocada por familiares dos indígenas encarcerados. Além da "liberdade imediata de todos os presos políticos mapuche das distintas prisões chilenas", os manifestantes demandam a desmilitarização e o fim da repressão contra as comunidades mobilizadas.

Os 17 mapuche foram presos, no marco da Lei Antiterrorista, durante manifestações que realizavam em Araucanía, região os indígenas lutam pelo reconhecimento de terras. Após mais de 80 dias em greve de fome, os presos políticos ameaçaram, nesta semana, reiniciar o jejum por juízos justos.

Isso porque, de acordo com informações de agências, porta-vozes e familiares dos detidos revelaram que a audiência da Promotoria, realizada no início desta semana, utilizou novamente testemunhas sem identificação e com voz distorcida através de videoconferência. Como forma de protesto, os indígenas deixaram a sala do tribunal e retornaram para suas celas.

A decisão da volta à greve de fome é em rechaço à utilização de testemunhas de rostos escondidos e para lembrar que o Governo não cumpriu com o compromisso de requalificar as queixas pela Lei Antiterrorista, herdada da ditadura de Augusto Pinochet.

Fonte: Adital, por Karol Assunção