Avaliação da participação do PCdoB/MS nas eleições de 2010

Leia adiante, na íntegra, a Resolução do Comitê Estadual do PCdoB/MS sobre a avaliação da participação dos comunistas sul-mato-grossenses nas eleições de 2010.

 01 – Acumular forças em torno de um pensamento político progressista, classista, democrático e renovador para Mato Grosso do Sul. É sob esse prisma que devemos analisar a participação e o desempenho do PCdoB/MS nas eleições de 2010, que indicam avanços e recuos nessa luta por um partido mais enraizado na sociedade sul-mato-grossense.

02 – O amadurecimento do debate político no interior do PCdoB/MS é o saldo principal de nossa participação no processo eleitoral de 2010. A resultante foi o entendimento de que somente contribui para avançar no caminho do socialismo quem compreende a fundo as necessidades da luta por um país desenvolvido, democrático e mais justo para seu povo, e que os projetos locais devem estar sintonizados com a batalha por esse novo projeto nacional de desenvolvimento.

03 – Quanto à dinâmica dessa luta aqui no estado, o PCdoB/MS sempre afirmou que no período de Zeca do PT foi iniciado um novo projeto de desenvolvimento sócio-econômico para o estado, de conteúdo popular e democrático, e que depois, por equívocos políticos e falta de um campo de esquerda mais articulado, foi derrotado pela força do conservadorismo local, que se uniu e formatou amplas alianças em 2006 e, agora, em 2010.

04 – Ao mesmo tempo em que avançam as transformações econômicas diversificando a base material e fazendo emergir novos agentes sociais no Mato Grosso do Sul, contraditoriamente as disputas pelo poder político continuaram concentradas em torno de apenas dois pólos: de um lado, o que une os partidos políticos de esquerda, os movimentos sociais progressistas e tem como força política principal o PT, além de uma base social preponderante entre a população menos favorecida; de outro, o que representa o pensamento conservador, direitista – o PSDB e o DEM -, em aliança com a maior força política do estado, o PMDB, com força entre os grandes empresários locais, sobretudo da oligarquia agrária, e setores médios, apesar de sua inegável penetração em camadas populares, por conta da tradição política peemedebista no estado.

05 – Apesar da vitória do PMDB de André Puccinelli, no 1º turno, obtendo 56% dos votos e confirmando a força do conservadorismo que, exceto em 2002, não possibilitou a Lula e, agora, à candidata Dilma vencer no estado nas outras eleições presidenciais, a força do campo de centro-esquerda ficou evidente pelos expressivos 42,5% dos votos obtidos por Zeca do PT, mesmo contra o poder econômico, o peso intimidador da máquina administrativa e o cerco da mídia local. Ficou também evidente que esse novo projeto de desenvolvimento para MS, truncado em 2006 e 2010, precisa se recompor, fortalecer os laços com o povo, estender as alianças e ganhar apoio entre diversos setores da sociedade, como é o caso dos pequenos e médios empresários, da intelectualidade e da juventude.

06 – Hoje fica ainda mais claro e ilustrativo o fato de que as principais forças da direita conservadora estão subordinadas ao governador André, que imprime um caráter reacionário ao seu governo, postura reforçada pelo seu posicionamento em prol da candidatura de José Serra mesmo no segundo turno das eleições presidenciais. Foi correto apresentarmos a avaliação comparativa entre as duas forças rivais, e os fatos mostraram que não se tratava de mera disputa pelo centro do poder local, mas principalmente por projetos. Tais constatações, somadas às graves denúncias de corrupção envolvendo uma relação promíscua entre os poderes do estado, mais o distanciamento do PMDB de MS da candidatura de Dilma, confirmaram o acerto do rumo político seguido pelo Partido Comunista do Brasil em Mato Grosso do Sul.

07 – A direção estadual foi capaz de apresentar ao coletivo esse debate político, num primeiro momento estimulando uma comparação entre o caráter dos governos de Zeca do PT com o do governo atual de André Puccinelli (PMDB), procurando identificar o conteúdo e os interesses que prevaleceram em cada um desses governos. Tal debate foi necessário, pois a adesão de novos integrantes que se filiaram durante o processo pré-eleitoral, esforço de abertura realizado pelo partido em busca de crescimento, ganhou dimensões e posturas desagregadoras, com base em posições rebaixadas e imediatistas, de modo latente opostas ao pensamento estratégico do PCdoB.

08 – Enfrentamos uma inversão nociva de prioridades que colocou em segundo plano e de forma condicionada a formatação do projeto eleitoral do PCdoB. No geral, nossos pré-candidatos a deputados estaduais e a federal ficaram aguardando uma definição sobre a aliança majoritária para depois decidirem se manteriam ou retirariam seus nomes da lista de candidatos. O próprio nome do camarada Moacir Abreu só foi apresentado como candidato a deputado federal às vésperas da Convenção Eleitoral por conta da retirada da pré-candidatura de Mariano Cabreira, que condicionava sua candidatura à escolha prévia de um determinado caminho na eleição.

09 – Claro que o nosso pequeno desempenho eleitoral não se deveu a um fator tomado isoladamente, tampouco teve como causa a ausência de recursos financeiros, pois apesar de serem importantes, não é restrito a esse âmbito que o PCdoB compete. O resultado eleitoral demonstra, principalmente, o tamanho real do partido, o baixo nível de comprometimento político e de participação na ação de quadros dirigentes e que atuam em alguns movimentos, a baixa estruturação nos municípios e nas organizações de bases, além da pouca inserção nos movimentos sociais. As candidaturas lançadas, no geral, carecem de vínculos sociais mais sólidos com amplas bases e também não alcançaram | maior vínculo com o projeto político do partido.

10 – Não alcançamos melhor resultado eleitoral, mas realizamos uma campanha que consolida no seio do partido uma posição clara sobre a necessidade de se fortalecer um campo de pensamento político que busca o desenvolvimento da economia com a inclusão das pessoas e a sustentabilidade ambiental, o combate à corrupção e o respeito aos movimentos sociais.

11 – Formar um partido de militância, organizado desde a base, com foco na capital e nos principais municípios, apoiado numa maior estrutura de quadros e com um coeso núcleo de direção seguem sendo os principais desafios da política de organização dos comunistas sul-mato-grossense para o próximo período. Um partido convicto de que somente em torno das idéias avançadas e com ação unitária poderá contribuir para o avanço progressista e democrático de Mato Grosso do Sul.

Campo Grande, 20 de novembro de 2010
O Comitê Estadual do PCdoB de MS

ANEXO

Votos recebidos pelos candidatos do PCdoB em MS:

A) Deputado Federal: Moacir Abreu, 1.102 votos nominais, mais 272 votos na legenda = total de 1.374 votos;

B) Deputados Estaduais: Flávio Nunes, 656 votos; Doga, 423 votos; Nilsinho do Ônibus, 363 votos; Alexandre Eletricista, 244 votos; Rubens, 234 votos; Rony Petherson, 49 votos; e João Júnior, 42 votos, mais 148 votos na legenda = total de 2.159 votos