Edson Pimenta reforçará bancada da agricultura e meio ambiente
Edson Pimenta, eleito deputado federal pelo PCdoB da Bahia, assume o cargo no próximo ano com a disposição de contribuir com as demandas do campo e da agricultura, áreas em que atuou desde que começou sua atividade política ainda adolescente, em defesa do meio ambiente no Litoral Norte e logo depois na Chapada Diamantina. Foi um dos fundadores do SOS Chapada, no final da década de 70. Ele é favorável ao relatório do colega comunista Aldo Rebelo, que muda o Código Florestal.
Publicado 29/12/2010 10:07

“Nós precisamos enfrentar de forma desapaixonada essa questão do meio ambiente. Não pode ser nem de um extremo nem outro”, afirma em entrevista ao Portal Vermelho, acrescentando que embora a agricultura seja o “carro-chefe” do seu mandato, ele está disposto a engrossar as fileiras em todas as frentes de atuação do seu Partido.
Portal Vermelho – Qual a expectativa do Senhor para a seu trabalho e sua atuação na Câmara dos Deputados?
Edson Pimenta – Vou procurar contribuir mais para atrair projetos para promover o desenvolvimento do Estado da Bahia. Aproveitar esse momento em que temos o governo do estado e federal afinados para poder dar continuidade ao plano que Lula iniciou agora buscando mais investimentos para todos os estados, especificamente para a Bahia.
Vermelho – O Sr. sempre atuou na área da agricultura e do meio ambiente. Esses temas vão nortear a sua ação parlamentar?
EP – A agricultura será o carro-chefe do nosso mandato, mas não exclusivo, até porque no momento que é eleito, você tem o dever de trabalhar pelos interesses gerais da sociedade. Como representante da agricultura, eu vou trabalhar para desburocratizar o acesso do pequeno agricultor familiar ao crédito, que ainda é muito desigual. O agricultor nordestino tem as mesmas regras do agricultor sulista. Tem que haver uma diferenciação, uma regionalização de critérios para que possa se aproximar da realidade de cada região. Por exemplo, o programa de habitação rural ainda é muito incipiente no Nordeste, existem muitas dificuldades por causa da burocracia. É difícil para o trabalhador acessar os programas públicos do governo. Vou lutar para criar normas que facilitem o acesso do trabalhador rural aos programas.
Vermelho – Qual a opinião do Sr. a respeito do Código Florestal, cujo relatório do deputado Aldo Rebelo, do seu Partido, tem gerado polêmicas e controvérsias, o que atrasou a votação?
EP – Eu sou altamente favorável à sua aprovação. Nós precisamos enfrentar de forma desapaixonada essa questão do meio ambiente. Não pode ser nem de um extremo nem outro. Nem o que defende devastação total e nem pseudo preservacionismo que não existe. Nós temos uma realidade onde o agricultor, principalmente familiar, não consegue cumprir a legislação vigente, que é excludente, porque pode ter restrições de acesso aos programas públicos. O relatório foi o que mais se aproximou da atual realidade. É bom, poderia ser melhor, mas foi o que foi possível e temos que lutar para que seja aprovado.
Vermelho – A exemplo do Código Florestal, existem outros projetos em tramitação que sofrem resistência para votação na Câmara como a PEC do Trabalho Escravo. O Sr. acredita que é possível votar essas matérias nesse mandato avançando nas conquistas sociais?
EP – Nós temos ideia de que a Presidente Dilma faça um mandato melhor que o de Lula. Lula foi extraordinário, mas ainda precisamos avançar em conquistas no País. Precisamos ampliar emprego, modernizar relações de trabalho, penalizar empresários que usam trabalho escravo e cultivo de drogas. Temos que avançar nesses setores que com Lula não foi possível. Agora, com Dilma, pela sua formação política, economia mais estabilizada, o momento é mais promissor e esperamos que ela possa corresponder com a expectativa do povo e em especial da esquerda, para que a gente possa ter melhorias.
Vermelho – E como o Parlamento pode ajudar no avanço dessas conquistas?
EP – Nós sabemos que é difícil aprovar questões polêmicas no Congresso, mas nós vamos para o debate e vamos estar preparados. A bancada do PCdoB, outros partidos, a bancada do PT mais à esquerda e os movimentos sociais vão estar cobrando isso. E esperamos que a Presidente ajude, com a liderança do governo, para que a gente possa avançar e tenha um Congresso que não seja apenas homologador das questões dos interesses do Executivo, mas um Congresso que possa cumprir o seu papel de debater e votar questões importantes.
De Brasília
Márcia Xavier