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Vice-presidente do PC Japonês visita Comitê Central do PCdoB

O PCdoB recebeu nesta segunda-feira (3), para uma reunião bilateral, a primeira visita internacionalista do ano: o ex-senador e vice-presidente do Partido Comunista Japonês (PCJ) – que também é responsável pelas relações internacionais –, Yasuo Ogata. Ele estava acompanhado de Yonezo Kanda, da Comissão Internacional Partido.

Os representantes do PCJ estavam no Brasil para assistir à cerimônia de posse da presidente Dilma Rousseff, e antes de retornar à Tóquio, visitaram a sede do Comitê Central do PCdoB. Eles foram recebidos por Ronaldo Carmona, da Comissão Internacional do PCdoB.

O PCJ é um grande e tradicional partido de massas do Japão. Atualmente ele possui cerca de 400 mil militantes. Seu periódico, o semanário Akahata (Bandeira Vermelha, em japonês), tem uma tiragem de 1,6 milhão de exemplares. O Partido possui nove deputados na Câmara dos Representantes, equivalente a nossa Câmara dos Deputados, e sete senadores, na Casa dos Conselheiros, equivalente ao nosso Senado Federal. Teve respectivamente, 7% e 7,5% dos votos nas eleições parlamentares de 2007. Ele possui ainda 3.028 parlamentares locais, além de dirigir várias importantes cidades japonesas.

Os comunistas japoneses registraram suas impressões positivas do histórico dia 1º, destacando a presença popular e da militância do PCdoB. Destacaram ainda o crescente papel do Brasil no mundo e reforçaram a importância de um governo com as características de Dilma em nosso país.

Os representantes do PCJ aproveitaram a ocasião para esclarecer uma série de questões sobre o quadro político brasileiro, a presença do PCdoB neste cenário e a realidade regional da América Latina. Também mostraram interesse para conhecer a visão do PCdoB em relação às conquistas e expectativas dos governos de Lula e Dilma e o Programa Socialista do PCdoB.

Relações entre o PCJ e o PCdoB

Yasuo Ogata e Ronaldo Carmona, também intercambiaram ideias sobre o estágio atual das relações entre os dois partidos. Ambos os partidos concordaram que, a despeito da enorme distancia geográfica entre os dois países, a imigração mútua de japoneses para o Brasil e de brasileiros para o Japão diminuem esta distância e aumentam a importância da relação entre as duas organizações políticas.
O PCJ também manifestou interesse em conhecer detalhes da realização do recente 10º Encontro de Partidos Comunistas e Operários, realizado em dezembro último, na África do Sul.
Os comunistas japoneses também manifestaram sua luta pela abolição das armas nucleares de destruição em massa, a grande bandeira democrática do povo japonês, tendo em vista sua literal “ocupação” por bases militares norte-americanas.

O representante do PCdoB agregou que para os países em desenvolvimento, e muito em especial para o Brasil, a luta contra a proliferação das armas nucleares caminha junto com a garantia do direito ao domínio cientifico e tecnológico. Em nosso caso, o exitoso programa nuclear brasileiro, que inclui, por exemplo, a construção do submarino a propulsão nuclear pela Marinha do Brasil.

Carmona lembrou o desequilíbrio entre as duas questões por parte dos países ricos, que enfatizam apenas a não proliferação, negando o direito ao desenvolvimento da energia nuclear, como se vê agora nas pressões imperialistas contra o Irã. Neste sentido, o representante do PCdoB manifestou a importância da assinatura do Acordo de Teerã, em meados do ano passado.

A situação japonesa

Yasuo Ogata também fez uma detalhada exposição da realidade japonesa atual. O comunista japonês observou como a enorme expectativa popular com a derrota, em 2009, do Partido Liberal Democrático – que governava a ilha desde o final da Segunda Guerra – para o Partido Democrático do Japão, se converteu em decepção, devido à incapacidade de o PD cumprir uma de suas principais promessas de campanha, a desmilitarização da ilha de Okinawa, com enorme concentração de efetivos militares estadunidenses.

O comunista japonês manifestou preocupação com relação à manipulação, pelas elites japonesas, da “ameaça” chinesa e norte-coreana — com forte sentido anticomunista — como forma de criar um clima entre os japoneses favorável à manutenção da “proteção” norte-americana.

O representante do PCdoB manifestou solidariedade ao PCJ diante destas lutas e expressou a preocupação com a deterioração da situação geopolítica na Ásia, com intensificação das jogadas estratégicas norte-americanas para conter a China.

Ao final da reunião, ambos os partidos decidiram intensificar o intercâmbio mútuo, identificando variadas áreas de interesse para o desenvolvimento destas relações.

Da redação, com informações da Secretaria de Relações Internacionais