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Peru: escândalos e divisões complicam candidaturas neoliberais

Escândalos e disputas internas parecem acentuar hoje o deterioramento da imagem de vários candidatos colocados para as eleições gerais peruanas do próximo dia 10 de abril.

O ex-prefeito da capital e candidato presidencial, Luis Castañeda, se declarou vítima de uma "guerra suja", por causa de um escândalo de contribuições eleitorais, cujos efeitos alcançaram outros postulantes.

Ao mesmo tempo, a possibilidade da renúncia da candidata presidencial do partido governista Aprista, Mercedes Aráoz, foi acentuada com o rechaço de que o secretário-geral da organização, Jorge del Castillo, seja candidato ao Congresso.

No primeiro caso, Castañeda afirmou que é legal a contribuição feita para a sua campanha pela candidata do seu partido Solidariedade Nacional à segunda vice-presidência, Carmen Núñez, e negou que o aporte de verbas tenha sido uma condição para ela ser nomeada.

Em uma gravação clandestina revelada por um jornal local, Núñez disse que tinha acordado contribuições equivalentes a 250 mil dólares em troca de sua nomeação e, em seguida, caiu em várias contradições, para aceitar, finalmente, ter pago menos da metade.

Ao tentar minimizar o escândalo, o candidato argumentou que seus rivais travaram uma "guerra suja" e fazem "uma tempestade num copo de água" para prejudicá-lo, apontando, em especial, o ex-presidente Alejandro Toledo.

Sobre as declarações do também neoliberal Toledo, de que nada tem a ver com isso, Castañeda disse que ele também nega beber uísque, referindo-se à imagem de bebedor e frívolo que deixou o ex-presidente em sua administração (2001-06).

O escândalo se estendeu a Toledo , quando um jornal revelou, nesta sexta, outra gravação de Carmen Núñez, na qual ela diz que, antes de concordar com Castañeda, negociou um acordo semelhante com o partido do ex-presidente, Peru Posible, no qual lhe foi pedido cerca de 1,5 milhão de dólares.

O caso também afeta outro candidato neoliberal, Pedro Pablo Kuczynski, cujo aliado, o ex-prefeito da cidade de Trujillo, César Acuña, esposo separado de Carmen Núñez, é acusado, em outra gravação, de haver oferecido meio milhão de dólares ao Solidariedade Nacional para que ela não fosse candidata.

Por sua vez, o candidato nacionalista Ollanta Humala lamentou que a democracia peruana seja vendido "a quem pagar mais", e afirmou que a corrupção dos partidos neoliberais deve ser punida pelo povo nas urnas.

Enquanto isso, o dirigente aprista Del Castillo rejeitou o que chamou de veto da candidata Aráoz, que ameaçou abandonar a candidatura, se ele for ratificado como postulante, por sua imagem manchada pela corrupção, pois isso afeta a campanha da aspirante.

Del Castillo disse que estava disposto a renunciar ao primeiro lugar na lista de candidatos ao parlamento, mas não a ser candidato, porque o veto de Aráoz é ilegal e inaceitável. Sobre sua imagem ligada à corrupção, afirmou que não há processos pendente e que uma investigação fiscal – sobre as relações com um empresário do petróleo – está próxima de terminar e ele espera ter sucesso.

Com Prensa Latina