Jeito tucujo

 Na ultima semana esteve ao Amapá o camarada Walter, que posto em seu bolg uma análise do PCdoB do Amapá e o PCdoB daqui para frente. E consegui com sua fala paulistana compreender o que o poeta paraense Joãozinho Gomes fala sobre o Amapá “Quem nunca viu o Amazonas nunca irá entender a vida de um povo de alma e cor brasileiras (…). Não contará nossa história por não saber ou por não fazer jus, não curtirá nossas festas tucujus”. Leão é interessante:   

 

Voltei de Adelanto de Nueva Andalucia. Belo nome, não? Quem conhece Andaluzia, seu sol brilhante e a influência mourisca que semeou as luzes  da civilização na Espanha, estranha um pouco… Orellana assim chamou a cidade de Macapá, à beira do Amazonas, em 1544. Depois prevaleceu a identidade de cidades de muitas bacabas, árvore que predominava na cidade, amacapaba. Depois, ainda, ela foi província de Tucujus, povoada por colonos do norte da África, Açores e Canárias, há ainda uma comunidade quilombola do Curiaú, Casa Grande e Curralinho, região de muita beleza. Só em 1856 se tornou a cidade de Macapá. É uma bela história, contada num livreto belíssimo de Herbert Emanuel e Adriana Abreu, lindamente ilustrado por Bárbara Damas.

Macapá fica no meio do mundo, única capital na linha do Equador, metade prá lá, metade prá cá… Mas é muito brasileira em tudo, tendo recebido colonização de quase todas as partes do Brasil. Incrível: lá só se chega de avião ou navio, já pensaram?

Três dias passei, todos eles à base de filhote e pirarucu. Não cansa! (O que cansa é a TAM…). O povo é ameno, esperto como só, o Amazonas é uma platitude. E a cidade está evoluindo, assim como o PCdoB de lá. Aliás, a renovação política é total: Camilo Capiberibe (PSB) não tem 35 anos! E o senador Randolfe roubou o título de mais jovem ao Lindberg Farias! Vamos ouvir muito falar dele.

Estive lá muitas vezes desde 2002 (a primeira nunca se esquece). Que diferença! Muita gente boa acorreu ao partido, que tem uma enorme perspectiva á frente, para 2012 e 2014. Eleger um deputado federal no Estado é prova de força. O partido comunista, lá, atua desde 1938, nas minas da Serra do Navio… Aliás, Jorge Amado, em Subterrâneos da Liberdade (em homenagem a Luiz Carlos Prestes) conta legal essa história ficcionalmente.

O Comitê Estadual tem inúmeras mulheres, valentes, bravas (nos dois sentidos), belas, que fazem uma acirrada defesa do partido face aos problemas vividos. E quadros bons. Por isso, acho que se foi bem sucedido nesses dias de trabalho, com a força da consciência. Vamos indicar o Secretário de Esporte Estadual, Luis Pingarilho. Mas, mais que isso, inseminou-se a consciência de que há muito por amadurecer para corresponder à confiança crescente que o povo deposita no PCdoB. A chave de tudo é formar um núcleo de direção maduro, experiente politicamente, que ponha acima de tudo o projeto coletivo do partido, uma maioria consistente nesse rumo. Há condições, há vontade. Resta perseguir isso com determinação e confiança, sem atalhos. A embarcação é boa, os timoneiros são bons, o porto será seguro. O que não pode é fazer onda no tombadilho para não emborcar.

Fonte: http://www.waltersorrentino.com.br/