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PPS abandona tucanos, articula bloco e amplia racha na oposição

A dez dias da abertura dos trabalhos do novo Congresso, a oposição consome sua energia brigando entre si. O velho racha do PSDB — que opõe o grupo mineiro de Aécio Neves ao paulista de José Serra — já havia expandido seus limites para o DEM. Agora, o PPS, linha auxiliar dos tucanos, está em via de formar um bloco parlamentar com o PV, sigla da base de apoio à presidente Dilma Rousseff.

A expectativa do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, é a de que será possível atrair o PV para a oposição. Mas o interesse do PV é conquistar o comando da Comissão de Meio Ambiente para o deputado Zequinha Sarney (MA), filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aliado de Dilma.

Segundo o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o tucanato quer se reunir com o DEM e com o PPS, nos primeiros dias de fevereiro, para discutir os rumos da oposição no Parlamento. “Sozinhos, não temos condições de tocar a oposição”, admite.

As lideranças do PSDB no Congresso já estão definidas: os novos comandantes das bancadas tucanas serão o senador Álvaro Dias (PR) e o deputado Duarte Nogueira (SP). Não houve disputa interna — mas nem por isso o quadro é de satisfação geral com a escolha. O futuro líder na Câmara é ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), mas a ala serrista do partido o considera “light” demais.

Já o maior expoente do PSDB no Senado será Aécio Neves. A expectativa quanto à atuação do ex-governador de Minas, no entanto, é a de que, fiel ao estilo conciliador, ele também não fará uma oposição radical ao governo. “Este governo não é novo nem está começando. É um governo de continuidade, entrando em seu nono ano”, afirma o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA).

Jutahy defende a tese de que Dilma não deve contar com a tradicional trégua de cem dias, por parte da oposição. Para dar subsídios aos deputados e senadores na tarefa de fiscalizar e combater o governo, a direção do PSDB está finalizando um relatório técnico detalhado sobre as debilidades da administração Lula em cada setor.

Rodrigo Maia diz que, para uma oposição mais eficaz, é importante haver convergência. “Agora, mais do que nunca, precisamos estar juntos, a despeito das divergências, inclusive ideológicas”, diz ele, incluindo na proposta de união não só os tucanos — mas todas as forças oposicionistas. O DEM, no entanto, assimilou o eterno conflito do PSDB e vive um luta fratricida entre os grupos de Maia, aecista, e o de Gilberto Kassab, serrista, mas de olho no PMDB pró-Dilma.

Da redação, com informações da Agência Estado