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PC da Espanha responde à ofensiva neoliberal com mobilizações

O Comitê Federal do Partido Comunista da Espanha, reunido no último domingo (6), se posicionou contundentemente contra os acordos do pacto social e as nefastas consequências que causaria aos trabalhadores do país, em especial aos jovens, às mulheres, aos imigrantes e aos desempregados sem nenhuma renda e com grandes dificuldades de voltar a encontrar trabalho.

Diante desta situação, o secretário-geral do PCE, José Luis Centella, ressaltou que o partido e a Esquerda Unida (IU, na sigla em espanhol) agiram corretamente "e continuamos a nos situar na defesa dos trabalhadores". Nessa linha, priorizou o trabalho do PCE nos próximos meses, de reativar sua campanha por uma saída social e anticapitalista da crise, e nas próximas eleições municipais, como forma de mudar a realidade e lutar pela criação de emprego a partir das instituições locais.

O conjunto do partido se pronunciou contra a desnecessária reforma das aposentadorias e que "fará com que os jovens não tenham acesso ao sistema público de proteção social". As mulheres são as outras grandes prejudicadas por estes acordos, porque terão o acesso a uma aposentadoria mínima muito mais dificultado.

Além disso, o conjunto dos trabalhadores, ao final de toda uma vida de trabalho (quando não façam mais parte do amplo exército de desempregados do país, que ultrapassa 20% dos trabalhadores em idade ativa) podem ver reduzidos o valores de suas aposentadorias entre 9% e 12%.

"O corte das aposentadorias só pretende reduzi-las, tanto em número quanto em quantidade a receber, com a finalidade de potencializar os sistemas privados de pensões, para gerar mais benefícios ao sistema financeiro privado", explicou Centella.

E no relatório podem ser vistos alguns desses dados "obscenos" que marcam a atual economia espanhola. "Devemos recordar que, dos 97 bilhões de euros que este país tem de pagar durante o ano de 2011, 80% pertencem à dívida do setor privado e, desta quantia, mais da metade são dívidas do BBVA e do Banco de Santander", agregou.

Mas o problema não é só a reforma do sistema de seguridade social, mas também a política econômica neoliberal aplicada a todos os setores: desmantelamento dos programais sociais, cortes de orçamentos destinados aos trabalhadores, debilitação das políticas de prevenção e luta contra a violência de gênero, encarecimento do acesso a um posto de trabalho que é disponibilizado por agências privadas de emprego, eliminação do regime de mutualidade para os funcionários e a debilitação das políticas de igualdade, com medidas, entre outras, como o contrato em tempo parcial como alternativa ao desemprego e o aumento da disparidade salarial entre homens e mulheres.

Atrasa-se, mais uma vez, a integração ao regime geral de trabalho das pessoas que trabalham como empregadas domésticas, e se deixa pendente a equiparação, para efeitos de proteção social, para os trabalhadores autônomos. Inclua-se também as mais de 600 mil pessoas que ficariam sem renda após a retirada da ajuda mensal de 426 euros. Com isso, "se confirma a submissão do Partido Socialista Operário Espanhol aos poderes econômicos, ao deixar claro mais uma vez que o objetivo das políticas do governo é premiar os que causaram a crise, castigando os que não têm nada a ver com as causas que as provocaram".

"Nestes momentos, fica extremamente evidente como Zapatero segue empenhado em fazer o trabalho sujo para a direita econômica, com o desenvolvimente da política mais anti-sociual que um governo com o nome de 'socialista' já realizou no país" e o faz empobrecendo o tesouro do Estado, com corte de impostos para grandes empresas, descontos para sociedades, venda de 30% das loterias do Estado e de 49% da gestão dos aeroportos nacionais, condenando os cidadãos a terem menos serviços sociais agora e no futuro.

"Temos discurso e propostas"

Diante desta situação, a resposta do partido é a mobilização: "dar uma resposta à situação atual ofensiva do capital, situando a todos no que vai ser um conflito longo e sustentado no tempo, contribuindo para o fortalecimento do sindicalismo de classe e fazer avançar a Esquerda Unida como uma referência política e social da unidade da esquerda", e nesta resposta, o relatório assinala o protagonismo que tem a juventuda para dar resposta à dupla agressão que está sofrendo, com a destruição da aposentadoria e a privatização das universidades.

"Temos discurso e alternativas", explicou Centella, em referência à Alternativa Social Anticapitalista elaborada pelo partido, alternativa "que devemos desenvolver em todos os níveis, em nível local, serviundo de base para todas atuações que o partido desenvolva, tanto em sua própria atividade como na hora de defender pontos de vista comuns com outras forças sociais".

De momento, já está organizada uma mobilização nas ruas de Sevilha, em 27 de fevereiro, e estamos planejando uma grande ação de protesto nas ruas de Madri, no mês de março.

O PCE trabalhará em uma campanha de eventos e inciativas pelo emprego e desenvolverá um trabalho ideológico para dar a volta em uma situação de hegemonia ideológica do capital, que consegue que a maioria da classe trabalhadora apoie ativa ou passivamente valores que vão contra os seus próprios interesses. Diante dessa hegemonia do capital, o Partido Comunista da Espanha tentará consolidar outra, apoiada em valores como uma democracia econômica, social e política, participativa, que substitua a competitividade, o individualismo e o egoísmo pela defesa da solidariedade, o coletivo e a justiça social como bases de uma nova sociedade.

Com informações do jornal Mundo Obrero