Capistrano: Vanessa Grazziotin, a primeira senadora comunista do Brasil
Em 1945, com o fim da ditadura Vargas, depois de anos na clandestinidade, praticamente desde sua fundação em março de 1922, o Partido Comunista do Brasil pôde participar de uma eleição com candidatos registrados na sua legenda, inclusive a presidência da república, Yedo Fiúza.
Publicado 22/02/2011 14:42 | Editado 04/03/2020 17:07
O primeiro comunista eleito para o senado na legenda do PCdoB foi Luiz Carlos Prestes (1945), o comandante da Coluna Prestes, o famoso Cavaleiro da Esperança.
Pela primeira vez os comunistas estavam lá e, fez bonito. Uma pequena e barulhenta bancada, composta por 14 deputados federais e um senador, mostrou serviço. A presença dos comunistas foi marcante, foi uma grande vitória das forças progressistas e revolucionarias e isso incomodou a elite brasileira, reacionária e atrasada.
A bancada do PCdoB foi uma presença importante nos debates e na formulação de propostas de dispositivos constitucionais em defesa da classe trabalhadora e do Brasil. Isto assustou a elite, as oligarquias sentiram a forte presença comunista e a possibilidade de um rápido crescimento do PCdoB.
Naquele momento existia uma perspectiva de mudanças estruturais e, isso não interessava aos donos do poder que desde a independência comandava o destino do Brasil, eles não desejavam mudanças que colocasse em risco o seu poder de mando e as suas riquezas. Vale registrar, riquezas acumuladas através da exploração da mão-de-obra escrava, da mais-valia, da grilagem e dos desvios dos recursos públicos.
A onda de democratização foi um fenômeno do pós-guerra. O Exército Soviético foi o primeiro a entrar em Berlin, esse fato foi comemorado por todos, com louvores dos líderes mundiais a Stálin e ao Exercito Vermelho. Mas, logo veio a Guerra Fria patrocinado pelas potências capitalistas, era o medo da expansão socialista.
Para os países socialistas e os democratas de todo mundo, o tempo fechou. O principal alvo das perseguições foram os comunistas, uma campanha midiática odiosa foi desencadeada contra nós. A “redemocratização” do pós-guerra, aqui no Brasil, terminou com a cassação do registro do PCdoB em 1947, um golpe fascista com o apoio do STF. Os parlamentares comunistas, eleitos pelo povo, tiveram os mandatos surrupiados pela direita, colocando mais uma vez os comunistas na clandestinidade, situação que perdurou até 1985.
Sessenta anos depois (2006) foi eleito o segundo senador pelo PCdoB, Inácio Arruda, eleito pelo estado do Ceará, ele é uma diferença no rol dos 81 senadores. Atuante, preparado, Arruda tem mostrado a importância dos comunistas no parlamento.
Nas eleições de 2010, além da primeira mulher eleita Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, com o apoio dos comunistas, também, pela primeira vez na história do parlamento brasileiro, uma mulher comunista é eleita senadora, Vanessa Grazziotin, mulher que além de ser filiada ao PCdoB é marxista, portanto, comunista por convicção, com um histórico de luta que dignifica a nossa presença no senado, motivo de orgulho e de muita alegria para nós comunistas. Claro que uma andorinha só não faz verão, mas é a sinalização de mudanças no comportamento do eleitorado brasileiro.
Vanessa tem algumas características que a diferencia de outras senadoras, ela não veio de uma elite ou de uma oligarquia dominante do seu estado, ela vem dos movimentos populares, além de mulher, Vanessa é comunista, uma militante atuante, foi eleita mostrando as suas idéias e não é uma novata no Congresso Nacional, Vanessa já vem de mandatos na Câmara Federal, portanto não é neófito na atividade parlamentar e também não é comunista de ocasião.
No dia 8 de março de 2011, Dia Internacional da Mulher, o movimento das mulheres aqui no Brasil tem mais uma vitória para comemorar, a presença da primeira mulher comunista no senado brasileiro, a senadora Vanessa Grazziotin.
Vale lembrar que a luta dos comunistas na defesa dos direitos das mulheres não é de hoje, basta folhear a nossa história para sentir em toda trajetória do Partido Comunista do Brasil a presença de mulheres que contribuíram de forma decisiva na construção de um Partido comprometido com a humanidade e suas nobres causas, lembro o nome de quatro mulheres, entre milhares que compõem a nossa história: Francisca Reginaldo, Elza Monnerat, Ana Montenegro e Vanessa Grazziotin, mulheres que, em épocas diferentes, dignificam as lutas populares e a história do PCdoB, todas, imbuídas do espírito universalista, democrático e revolucionário, marca indelével dos comunistas em todo mundo. É através delas que saúdo, nesta data histórica, 8 de Março, todas as mulheres que se doaram a causa socialista.