Petrobras quer fornecedores gaúchos para exploração do pré-sal

A Petrobras está oferecendo a empresas gaúchas a oportunidade de se tornarem fornecedoras de insumos em projetos de exploração de petróleo da camada brasileira de pré-sal. O anúncio foi lançado como um desafio ao empresariado gaúcho, nesta terça-feira (22), quando o governador Tarso Genro recebeu o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em reunião, no Palácio Piratini, com representantes da indústria de bens e serviços.

Serão aplicados pela estatal US$ 42,5 bilhões por ano – o equivalente a R$ 2,3 mil por segundo. No Rio Grande do Sul, a Petrobras pretende investir R$ 1,9 bilhão até 2014. Entre 5,7 mil empresas cadastradas como fornecedoras de bens e produtos, 146 já estão habilitadas no estado, onde deverão ser treinados, até 2014, 6,7 mil trabalhadores. Desse total, 2,7 mil já estão capacitados para os setores de produção e montagem. “Estamos fazendo um volume gigantesco de investimento, que, evidentemente, trará gigantescas oportunidades. E o nosso compromisso será estar aqui, junto com empresários gaúchos, para que aproveitem essa oportunidade de se integrar a esses grandes empreendimentos”, acrescentou Gabrielli.

Entretanto, o presidente da Petrobras afirmou que o Rio Grande do Sul precisa enfrentar a escassez de mão de obra especializada como forma de aproveitar o bom momento oferecido pela estatal. Também é necessário, disse, estimular a criação de novas fornecedoras. Hoje, apenas 146 empresas são fornecedoras regulares da estatal, de um universo de 5,7 mil que atuam nos chamados “itens críticos”.

"O país ficou muitos anos sem crescer e agora estamos crescendo muito rápido. Isso exige uma velocidade do fornecedor que às vezes é difícil de conseguir. Mas é preciso convencê-los de que é um negócio de longo prazo e possível de crescer."

O presidente do Conselho Diretor do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade, Ricardo Felizzola, reconheceu que os empresários gaúchos “estão atrasados”, mas ressaltou que é possível recuperar o tempo perdido com mobilização.

Ponto de partida

O governador Tarso Genro definiu o encontro como ponto de partida de um grande processo político e institucional de crescimento da oferta de insumos e equipamentos pela indústria gaúcha à Petrobras. A perspectiva é de que a participação do Rio Grande do Sul como fornecedor da estatal aumente de 2% para 10%.

“Trata-se de uma questão de honra”, frisou o governador, ressalvando que, embora seja difícil alcançar os 10% nos próximos quatro anos, uma elevação em torno de 7% a 9% já seria o suficiente para estimular desenvolvimento, coesão social, distribuição de renda e aperfeiçoamento econômico, “de maneira sem precedentes na história do Rio Grande do Sul”. De acordo com Gabrielli, as indústrias gaúchas têm pouca presença nas licitações realizadas pela Petrobras. Tanto ele como o governador receberam da Fiergs uma carta de exposição do potencial da indústria local.

Dois projetos do Executivo em andamento na Assembleia Legislativa correspondem às possibilidades trazidas pela Petrobras ao estado. Um deles propõe a criação de uma estrutura institucional para que ações federais referentes ao pré-sal e ao polo naval tenham respaldo técnico, jurídico e político do governo estadual. Outro permite que o Estado patrocine a implantação de centros de tecnologia em empresas que tenham projetos reconhecidos como capazes de ampliar a qualificação industrial do Rio Grande do Sul.

Da redação local, com agências