Prefeitura está longe de solucionar caos na Santa Marta
A dirigente da Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM), Lindalva Rocha, e o presidente do Comitê Municipal do PCdoB, Anderson Souza, que esteve representando a vereadora Lúcia Antony, visitaram, ontem (23), a comunidade Santa Marta, situada no conjunto Jesus me Deu, na zona norte de Manaus. O local ficou conhecido pela morte de três pessoas após deslizamentos de terra e pela visita do prefeito Amazonino Mendes, que mandou uma moradora morrer diante das câmeras de TV’s.
Publicado 24/02/2011 14:38 | Editado 04/03/2020 16:12

Equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMASC) e da Defesa Civil estavam nas proximidades. O morador Francisco Pereira (nome fictício para preservar a identidade do entrevistado), que reside há oito anos na comunidade, reclama, no entanto, de maus tratos dos servidores municipais. “Quando a gente vai lá com eles pedir alguma informação, eles não respondem nada e ainda nos tratam mal. Dizem que não temos direito a nada e que o prefeito está fazendo apenas um favor porque estamos errados em morar ali”, alegou.
As informações que Francisco se refere é sobre o destino dele e de seus vizinhos. Na área interditada pela Prefeitura, as casas foram derrubadas e algumas famílias já se mudaram para os locais alugados pelo executivo municipal. Porém, segundo o morador, o benefício está sendo negado a outras famílias que também residiam nessa área.
Área interditada é menor do que o necessário
Além de negar o benefício do aluguel para algumas famílias que residiam na área interditada, Lindalva e Anderson conversaram com vários moradores que tem suas casas alagadas pelas fortes chuvas, mas que estão entre aqueles que não sairão do local e sequer receberam visitas dos servidores municipais que trabalham para remediar a gravidade dos problemas ali encontrados.
A comunitária Maria Queiroz, 60, que mora há um ano e meio na Santa Marta, é uma dessas pessoas. Ela reside há duas casas de onde morava a mãe de família afrontada pelo prefeito Amazonino. Em conversa com os representantes da CONAM e da vereadora Lúcia Antony, ela pediu: “Só queria que vocês me ajudassem com umas madeiras. Para mim poder levantar minha casa e sair do risco da alagação”, disse. Ela já a água invadir sua casa três vezes. “Numa dessas não ficou nenhum pano que não tivesse ficado encharcado”, destacou.
Francisco é outro que está na mesma situação. Vistos de fora, os tijolos da sua casa tem cores mais fortes na altura de um metro a partir do chão. Segundo ele, é a marca do nível da água na enchente, que pode subir mais dependendo da intensidade da chuva. O morador afirma que também está entre aqueles que não foram assistidos pelo executivo municipal.
Comunitários temem falta de garantia da casa própria
Entre os moradores da região de risco da comunidade Santa Marta, há os que foram cadastrados pelos assistentes sociais, mas ainda não aceitaram sair de suas casas por motivos diversos. Inclusive por temerem ficar sem lugar algum para morar, após os seis meses de aluguel pagos pela Prefeitura.
Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que ainda não se mudou para o endereço alugado “porque querem me colocar num canto e meus pais em outro. E sou eu que cuido deles. Eles são muito doentes. E depois, quando acabar os seis meses, para onde que nós vamos”, questionou.
A dirigente da CONAM disse que o problema é real. “O movimento social também não é favor disso. A saída é a casa própria. Porque daqui a seis meses, quando deixarem de pagar os aluguéis, essas pessoas vão voltar para cá. E como vai tá no verão, pouca chuva, ninguém vai querer saber como eles estão. É o mesmo que dizer: esperem outro período de chuva para vocês se ferrarem de novo e a gente voltar a pagar os aluguéis”, ponderou Lindalva.
De Manaus,
Anderson Bahia