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Mujica comemora um ano de gestão no Uruguai

O presidente do Uruguai, José Mujica, comemora nesta terça (01) seu primeiro ano no governo, que foi marcado por apostar no diálogo para resolver conflitos e aplicar políticas de Estado.

A aposta no diálogo foi uma realidade no começo do seu governo, quando pôs fim, mediante uma "política da boa vizinhança", ao conflito com a Argentina por conta da instalação de uma fábrica de pasta de celulose na fronteira entre os países.

Em uma grande mudança em relação à política externa de seu antecessor, Tabaré Vázquez, Mujica viajou a Buenos Aires e conversou pessoalmente com a presidente Cristina Kirchner. O encontro foi feito semanas após ter apoiado Néstor Kirchner para o cargo de secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), algo que Vázquez declarou que jamais faria.

Na política nacional, Mujica deu início a seu mandato de cinco anos integrando de maneira inédita figuras de partidos opositores na direção de organismos estatais. Com o passar dos meses, ele chegou inclusive a voltar atrás em decisões adotadas por seu governo, como quando devolveu a bancários o dinheiro que havia descontado por causa de uma greve.

Mujica também tem a seu favor as cifras do primeiro ano de governo. Em 2010, o crescimento econômico uruguaio foi de 8,4 %, o desemprego caiu a um mínimo histórico de 5,4%, a inflação se manteve em 6,9%, com breve variação de alta, e o crescimento industrial alcançou 4,5%.

Enquanto isso, a renda familiar aumentou, reduziram-se os índices de pobreza e indigência e as exportações bateram recordes históricos.

Para marcar seus primeiros 12 meses, Mujica escalou o seu vice, Danilo Astori, para fazer um balanço da gestão, em cadeia nacional de rádio e TV, na noite de hoje. Consultado na véspera, o governante afirmou que ainda não está satisfeito com os resultados, porque "ainda faltam coisas por fazer".

Apesar de todos os avanços, a aprovação de Mujica caiu de 71 a 48 % em cinco meses.Dirigentes e militantes da central sindical PIT-CNT expressaram à imprensa local que este período de mandato da coalizão de esquerda ainda não resolveu problemas de redistribuição dos recursos nacionais e precisa ainda se encaminhar para mudanças concretas.

O dirigente da entidade Jorge Bermúdez afirmou, contudo, que a responsabilidade por isso não pode ser imputada apenas ao mandatário, e que a falta de definições obedece à composição da força política e às visões sobre "como avançar no processo de mudanças".

"A questão é que, para avançar, é preciso tocar em interesses das classes dominantes, mas o problema é que não está claro se toda a Frente Ampla está disposta a esse processo", opinou.

Com Ansa e Prensa Latina