Iêmen: regime mata seis e deixa centenas de feridos em protesto

A polícia do regime ditatorial do Iêmen matou seis pessoas, entre elas um garoto, e feriu centenas de pessoas em confrontos antes do amanhecer na capital do Iêmen, Sanaa, neste sábado. Um outro garoto, de 12 anos, morreu durante protestos contra o governo na cidade de Mukalla, localizada no sul do país, disseram testemunhas.

Milhares de manifestantes exigem o fim da ditadura encabeçada por Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos, e pelo menos 30 pessoas perderam suas vidas em semanas de conflitos no país, que sofre com a pobreza e é vizinho da Arábia Saudita, a maior exportadora mundial de petróleo.

Um peso, duas medidas

O ditador propôs negociação com os oposicionistas, que no entanto rejeitaram a oferta e reiteraram que desejam sua renúncia imediata. Saleh é um fiel aliado do imperialismo e obteve o aval de Obama para seu plano. Os EUA pressionam a oposição a dialogar com o chefe do regime, ao mesmo tempo em que intensificam os preparativos para intervir na Líbia. Mais uma vez, é o uso de um peso, duas medidas.

Forças de segurança reprimiram os manifestantes na capital no começo deste sábado, em um aparente esforço para evitar que um acampamento que abriga milhares de opositores ao governo aumente ainda mais.

Gás asfixiante

Um médico afirmou que um garoto levou um tiro fatal na cabeça. "Achamos que há cerca de 300 feridos", acrescentou. Dezenas de manifestantes foram aparentemente controlados por gás lacrimogêneo disparado pela polícia. "O gás usado pela polícia é estranho. Ele causa cãibras e o colapso do sistema nervoso", afirmou Bashir al-Kahli, um médico que ajudava os feridos. "Muitos dos afetados voltaram com complicações após terem recebido os primeiros socorros."

O Ministério do Interior negou ter usado qualquer tipo de gás asfixiante. Em Mukalla, o garoto de 12 anos morreu depois que a polícia disparou tiros para dispersar a multidão, disseram moradores.

Uma onda de protestos, inspiradas pelas revoltas populares no Egito e na Tunísia, enfraqueceram o controle de Saleh sobre o Iêmen, mas ele se negou a atender o clamor popular para sua renúncia imediata. A resposta da polícia para a crise tem se tornado cada vez mais violenta.

A violência ocorreu um dia depois de multidões em número recorde terem se juntado em cidades iemenitas em uma "Sexta-feira Sem Volta", pedindo a saída de Saleh e o fim de sua proposta de montar uma nova Constituição.

Com agências