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Otan patrulha costa da Líbia e comando da ofensiva é incerto

Um funcionário do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) afirmou à agência de notícias Associated Press, que navios de guerra da coalizão patrulham a partir desta quarta-feira (23) a costa líbia, sob o pretexto de garantir o embargo à venda de armas imposta pelas Nações Unidas ao governo de Muamar Kadafi.

Na terça (22), os países que lideram a coalizão (EUA, França e Reino Unido) afirmaram ter chegado a um acordo sobre a utilização das forças da Otan, após uma conversa por telefone entre seus respectivos líderes, os presidentes Barack Obama, Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro David Cameron.

A missão inicialmente será composta por duas frotas navais da Otan que patrulharão rotineiramente o Mar Mediterrâneo. As frotas são compostas por duas fragatas, seis detectores de minas e um navio de abastecimento.

No entanto, ainda é controversa a definição exata do papel da Otan no conflito. Jornais conservadores franceses disseram que França e EUA divergem ao descrever o papel da organização. De acordo com o Le Figaro, a Casa Branca entende que a Otan desempenhará um "papel chave" na missão, enquanto a França fala num mero "apoio". Le Figaro destaca um comentário do ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, entendendo que "a intervenção na Líbia é conduzida por uma coalizão e não é portanto uma operação da Otan".

Para assumir o comando da ação a Otan precisa da aprovação de 28 de seus países-membros, entre eles a Turquia, que insiste em uma operação militar mais restrita e garantias de que não haverá uma ocupação na Líbia. Como a força internacional que ataca a Líbia tem também a participação de países árabes, a França acha que passar a liderança para a Otan seria uma provocação aos muçulmanos. Os EUA, por sua vez, desejam entregar o controle da operação o quanto antes.

"Quando essa transição ocorrer, não serão nossos aviões que manterão a zona de exclusão aérea. Não serão nossos navios que necessariamente controlarão o embargo de armas. Isso é exatamente o que as outras nações farão", disse Obama em uma entrevista à imprensa na terça, em El Salvador.

A Itália e o Reino Unido já disseram que preferem passar a coordenação dos ataques para a Otan. Um dos problemas está sendo o custo de US$ 100 milhões por dia de ataque, arcado pelos países da coalizão. Calcula-se que os gastos com o início da ofensiva contra o país do norte da África podem ter chegado a US$ 800 milhões.

Guerra de informações

Ao mesmo, segundo a emissora de televisão do Catar, a Al-Jazira, um dos comandantes do exército líbio, identificado como Hussein El Warfali, teria sido morto perto da capital.

Ontem analistas e gestores de fundos afirmaram que a Líbia não retomará o fornecimento de petróleo para os mercados globais por ao menos entre 12 e 18 meses, acrescentando que os possíveis danos às instalações por sabotagem ou pelos ataques aéreos do Ocidente poderão resultar numa interrupção muito mais demorada.

A Líbia produzia 1,6 milhão de barris por dia antes da indústria de petróleo do país ser paralisada pela sabotagem e pelos confrontos entre rebeldes e o governo. As exportações foram interrompidas por sanções internacionais.

Cessar-fogo

O governo brasileiro quer o cessar-fogo na Líbia. Em nota, o Itamaraty "manifesta expectativa" pelo fim dos ataques no país "no mais breve prazo possível" para que a integridade da população civil seja garantida e haja abertura para negociação e diálogo.

O país foi o último do bloco BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) a se manifestar. Desde o início dos ataques, Rússia, Índia e China já haviam colocado suas posições sobre o tema, semelhantes à brasileira. Da mesma forma, a Turquia e a Liga Árabe registraram sua oposição, mas de forma mais contundente que o Brasil.

Tanques não voam

Nesta quarta, as forças imperialistas lançaram ataques aéreos contra tanques e artilharia da Líbia, que operavam nas cercanias da cidade de Misrata, após um almirante dos EUA afirmar que esses seriam os próximos alvos da operação.

O exército líbio, em sua contra-ofensiva, disparou contra rebeldes na cidade de Misrata e atacou a localidade de Zintan, perto da fronteira com a Tunísia, com blindados.

A hipócrita redação da resolução teoricamente criaria apenas um espaço aéreo proibido para aviões líbios, mas na verdade autoriza qualquer tipo de ataque contra qualquer tipo de alvo, e o pretexto é a "defesa" de rebeldes ou "civis" que estejam "sob ataque".

Valendo-se disso, o contra-almirante Peg Klein, comandante do grupo de ataque expedicionário a bordo do porta-aviões norte-americano USS Kearsarge na costa líbia, afirmou que "pediu permissão" ao comando militar americano para atacar os tanques, em uma "nova etapa" na agressão.

"Estamos autorizados, e o presidente estabeleceu o nexo entre a resolução do Conselho de Segurança e o que considera nosso mandato legal para atacar esses tanques. Por isso esse é o tipo de alvo que nossas aeronaves vão mirar", disse.

Satisfação de Hillary

A parte mais patética dos anúncios, revelações e contrafações que o Ocidente faz a cada dia da agressão contra a Líbia ficou com a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton. Ela anunciou, com um certo ar de satisfação, que um dos filhos de Muamar Kadafi teria sido morto nos ataques.

Hillary disse que o governo americano recebeu "relatos não confirmados" de que pelo menos um dos filhos de Kadafi teria sido morto durante os ataques. Para não atolar totalmente o pé na informação, caso ela se mostre falsa como tantas outras desta agressão, ela murmurou que os indícios não eram suficientes para confirmar a notícia.

Ao mesmo tempo, colocava para correr outra informação que pode vir a ser mais um boato plantado, como aquele que um alto funcionário do governo britânico plantou há um mês, afirmando que Kadafi estaria, naquele momento, voando para um exílio na Venezuela. Hillary afirmou que os funcionários do alto escalão do governo líbio podem estar considerando a possibilidade de "partir para o exílio", ao mesmo tempo que Kadafi estaria pensando em "renunciar". Em seguida, mais uma vez, tira o pé do provável atoleiro, dizendo ser "altamente improvável" que ele fizesse isso.

Com agências