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Há 60 anos o fascismo americano condenava à morte casal Rosenberg

No final de um controvertido caso de espionagem que ganhou a atenção de todo o mundo e manifestações públicas em defesa dos acusados, sentenças de morte foram impostas em 5 de abril de 1951 ao casal Julius e Ethel Rosenberg, uma semana após terem sido considerados culpados de conspiração para transmitir segredos atômicos à União Soviética.

Por Max Altman, no Opera Mundi

Às 8h do dia 17 de julho de 1950 quando agentes do FBI bateram à porta do apartamento da família Rosenberg em Manhattan, Nova York, Julius Rosenberg, 32 anos, nem teve tempo de terminar sua higiene matinal. Era o desfecho de uma sequência de episódios, iniciada logo no limiar da Guerra Fria. Em agosto de 1945, havia explodido a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. Em seguida espiões soviéticos e norte-americanos se esforçavam para descobrir os segredos militares e nucleares do adversário.

A primeira bomba atômica russa explodiu quatro anos depois de Hiroshima e Nagasaki, em 28 de agosto de 1949. Enquanto a opinião pública se mostrava perplexa diante da demonstração de poder dos soviéticos, a CIA começou a se questionar como os soviéticos haviam tido acesso aos segredos nucleares.

O caso Rosenberg começou com a prisão do cientista Klaus Fuchs, alemão de nascimento e funcionário dos Estados Unidos que confessou ter passado informações classificadas sobre o programa atômico norte-americano aos soviéticos. As autoridades deram início a uma exaustiva investigação em Los Alamos, Novo México, quartel general ultra-secreto do programa de desenvolvimento da arma nuclear, onde Fuchs trabalhou durante a guerra.

Harry Gold, um químico de Filadélfia, foi preso como cúmplice de Fuchs e em seguida David Greenglass, que se havia estabelecido num local próximo a Los Alamos durante a guerra. Em julho de 1950, Ethel Rosenberg, irmã de Greenglass, foi presa junto com seu marido, Julius, um engenheiro elétrico que trabalhara para o Corpo de Sinaleiros do Exército dos Estados Unidos, também durante a guerra. Sob a alegação de que tinham vínculos com o Partido Comunista, o casal foi acusado de convencer Greenglass a fornecer segredos atômicos a Harry Gold.

A prisão dos Rosenberg aconteceu em plena época de histeria anticomunista nos Estados Unidos. Qualquer pessoa que alguma vez tivesse manifestado qualquer simpatia pelo regime soviético era considerada suspeita.

O caso Rosenberg teria de ser exemplar. Julius alegou inocência, mas foi incriminado por testemunhas. O juiz Irving Kaufman considerou o crime "pior que assassinato" e responsabilizou Rosenberg pelos 50 mil soldados mortos na Guerra da Coréia, eclodida em virtude da ameaça nuclear russa.

Foram condenados à morte no dia 5 de abril de 1951. Nos dois anos seguintes, seu advogado tentou de tudo para reverter a sentença. A opinião pública mundial protestou, manifestações públicas ocorriam em todo o planeta. No dia 19 de junho de 1953, Ethel e Julius Rosenberg foram executados na cadeira elétrica da prisão de Sing Sing.

Durante o processo, os Rosenbergs insistiram em sua inocência, apesar de Greenglass tenha concordado em testemunhar contra eles. No final do julgamento, na primavera de 1951, David Greenglass foi condenado a 15 anos de prisão e Harry Gold a 30 anos.

Em uma de suas últimas cartas antes de ser eletrocutada, Ethel Rosenberg escreveu: "Meu marido e eu deveremos ser vingados pela História. Nós somos as primeiras vítimas do fascismo americano."