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Senado: Comissão de Direitos Humanos debate violência nas escolas

Tratamento para jovens com transtornos de comportamento, medidas contra o bullying e mais recursos para a educação foram algumas das sugestões para o combate à violência nas escolas. O debate aconteceu, nesta segunda-feira (18/04), na Comissão de Direitos humanos (CDH) do Senado em audiência pública da qual participaram educadores, estudantes e profissionais da saúde.

O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da CDH, anunciou que uma vez por mês a comissão vai debater a violência na escola e nas ruas, de acordo com requerimento subscrito pelos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e e Paulo Davim (PV-RN) .

"Nós temos que discutir a sociedade que estamos formando", afirmou o senador Paulo ao dizer que ficou feliz ao constatar que os participantes o debate criticaram que a questão da violência nas escolas se resuma ao debate sobre a circulação de armas na sociedade "Nós temos que combater qualquer tipo de arma porque elas contribuem para a violência, mas a questão de fundo é outra", disse Paim ao defender mais investimentos na educação além de melhor formação e preparação de profissionais da área.

Paim lembrou ainda que para a parcela mais pobre da população não tem acesso a tratamentos psicológicos e psiquiátricos. "A escola tem que ser aberta para a sociedade e a sociedade tem que se apossar dela e não simplesmente dizer que tem que ter mais grade e cerca elétrica. Escola não pode se tornar prisão. Escola para mim é um símbolo de liberdade e solidariedade", concluiu o senador.

"Bullying" e drogas na escola

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antonio Geraldo da Silva destacou a importância de uma estratégia de prevenção ao "bullying", com a participação dos pais e a formação de comitês anti-bullying nas escolas. Ele também afirmou que é preciso identificar transtornos que afetam o desempenho acadêmico, como o bipolar e déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), para que o tratamento comece cedo e se evite que sejam motivo de mau desempenho escolar e transtornos sociais. "É muita gente sofrendo sem tratamento", advertiu.

Antonio Geraldo também chamou atenção para a necessidade de tratamento de prevenção às drogas em ambiente escolar como medida redução da violência e defendeu uma maior taxação e controle na produção e venda de insumos legais usados na produção de cocaína e "crack".

O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Yann Evanovick, lembrou tipos de violência que estão no cotidiano escolar como aquelas que têm como alvo negros e homossexuais. "A escola pública brasileira tem que passar por um processo de afirmação de valores. Não de tolerância, mas de respeito", advertiu Yann e acrescentou que esta é uma forma prática de combater a violência, assim como o fato de se encarar a educação como prioridade.

Yann lembrou avanços na área da educação durante o governo Lula ao citar o Prouni e o aumento das escolas técnicas. "Nós somos o futuro, mas queremos investimentos no presente", disse ele ao defender que 50% do Fundo Social do pré-sal e 10% do Produto Interno Bruto sejam investidos em educação.

Imprensa e desigualdades

"Nós não concordamos com esta lógica de transformar a escola em presídio", disse o presidente da Ubes e destacou que o caso do rapaz que invadiu uma escola de Realengo (RJ) e matou estudantes foi manchete em todos os jornais, mas que boas iniciativas de professores e passeatas em defesa da educação não têm espaço de destaque nos meios de comunicação .

Antonio de Lisboa, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE ), também questionou se os meios de comunicação "que tanto usam as tragédias para vender anúncios no jornal, na TV e no rádio não estão a partir da própria programação, diariamente, alimentando a violência social que vai alimentar a violência nas escolas". Lisboa defendeu um amplo debate sobre a cultura de paz.

"A gente discute a violência na escola como se ela nascesse no ambiente escolar e sabemos que ela é resultado de problemas sociais num país de desigualdades como o Brasil", alertou a professora Rosilene Correia, do Sindicato dos professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) , "A violência que é social vai tornar-se real na escola que é o espaço de convivência".

Rosilene reconheceu que os educadores não são preparados para lidar com situações de conflito e enfatizou esta questão é responsabilidade de todos. "Os professores são atores deste processo que muitas vezes também são vítimas", disse a professora ao contar que testemunhou debates sobre a violência na escola em que se discutiu apenas mais rigor nas penas.

Fonte: Liderança do Pt no Senado