RN terá excesso de mão de obra qualificada em 2011

O Rio Grande do Norte deverá registrar este ano uma oferta excedente de trabalhadores com escolaridade e experiência profissional, mas alguns setores, como indústria, construção civil e educação, terão ainda de se desdobrar para encontrar gente qualificada.

Dados divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que, para os três setores, a perspectiva é que o ano seja de escassez e, segundo analistas, a saída poderá continuar sendo a “importação” de pessoal. Eles observam, no entanto, que há necessidade de investimentos em capacitação.

Parte do estudo “Emprego e oferta qualificada de mão de obra no Brasil: projeções 2011”, o cenário desenhado para o Rio Grande do Norte, que inclui estimativa de sobra de aproximadamente 35 mil profissionais qualificados, acompanha a realidade nacional, que, segundo os pesquisadores, também será de excedente de força de trabalho – em torno de 1 milhão de trabalhadores qualificados – mas ainda com sinais de escassez se manifestando em alguns setores, cada vez em maior escala.

“A escassez de mão de obra é um problema que advém do crescimento do país, mas não diria que é um gargalo porque, de maneira global, ainda estamos com sobra de trabalhadores”, disse o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. “Poderemos sim ter um problema se não tivermos capacidade de enfrentar a situação”, completou.

O estudo, segundo ele, serve de alerta na medida em que permite o conhecimento amplo da situação e, a partir disso, que se desenvolvam ações e políticas públicas na área de qualificação. “O governo já tem tomado iniciativas nesse sentido, com a criação, por exemplo, de escolas técnicas. Isso representa uma decisão olhando os próximos anos. É positivo. Mas há a necessidade de contratação emergencial de forma localizada e a isso pode se tornar algo grave se nossa capacidade de qualificar pessoas não for compatível com o crescimento econômico continuado”. Um sistema público de empregos, segundo ele, ajudaria a informar ás empresas e aos trabalhadores onde estão as oportunidades e a oferta de candidatos para preenchê-las. “Precisaríamos articular melhor as políticas públicas de qualificação. Não completamos o sistema público de emprego”, analisa.

 

Tribuna do Norte