Rio de Janeiro recebe a 72ª Semana Brasileira de Enfermagem

Para efeito de curiosidade devemos registrar que as Semanas Brasileiras de Enfermagem têm oito e não sete dias. Esta excepcionalidade se justifica porque 12 de maio é o Dia Internacional dos Enfermeiros, quando todos os países comemoram a data de nascimento de Florence Nightingale (1820-1910). Esta inglesa, de uma família abastada, comunicou a sua família, em 1844, que havia recebido uma missão de Deus para formar homens e mulheres que pudessem exercer a função de enfermeiros, de uma forma qualificada, de modo a cuidar, ajudar a salvar vidas e acolher as dores dos doentes. Ela também sugeriu diversas mudanças nas práticas que acabaram por resultar nos protocolos usados na Enfermagem.

Já no próximo dia 20 de maio, nosso país homenageia a baiana Ana Justina Néri, sua primeira enfermeira, que junto aos combatentes de sua família, serviu como voluntária na guerra do Paraguai. Ana Néri morreu em 15 de maio de 1880, com 66 anos e desde então é justamente homenageada.

Tenho participado intensamente da maior parte das dezenas de atividades e atos que estão sendo patrocinadas em todo estado, com o orgulho e responsabilidade de ser a única enfermeira eleita para o legislativo de nosso estado. Nesses eventos alegro-me em registrar a significativa presença unitária e forte de profissionais de todas as áreas da enfermagem: doutores, pesquisadores e acadêmicos das universidades públicas e privadas; jovens mulheres e homens estudantes; e também representações das entidades de classe como o Sindicato dos Enfermeiros, de Técnicos e Auxiliares e o Conselho Regional da Classe.

Nesses debates, também estão presentes os usuários, pois o tema desse ano conclama a todos a uma profunda reflexão por sua temática nacional: Cuidados de enfermagem, ética e inovação. No próximo dia 20 de maio, a Assembléia Legislativa do Rio realizará um ato solene de encerramento desta 72ª Semana Brasileira de Enfermagem, o que muito nos alegra, às16 horas.

Mas esta 72ª Semana ganha ainda maior relevância porque no último dia 15 de maio completou-se três anos da intervenção moralizante no Coren-RJ, indicada pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro ao nosso Conselho Federal. A investigação demonstrou que a antiga direção do Conselho de nosso estado, que dominou a autarquia por décadas, até 2008, havia cometido fraudes em licitação e desembolsos acima dos limites e das condições impostas na Lei 8.666/93; não garantira publicações e prestação de contas dos atos administrativos e econômicos de sua gestão; e usara indevidamente os fundos da entidade. Essa auditoria acabou por resultar na condenação do ex-presidente do Conselho Federal de Enfermagem por improbidade.

Nos últimos anos de 2008/2009 tive a difícil responsabilidade de conduzir essa Junta Interventora, indicada pelo Conselho Federal de Enfermagem, que agora está finalizada pelo companheiro Pedro de Jesus.

Este ano, muito nos orgulha dizer que os profissionais da enfermagem estão sendo convocados a voltar eleger, democraticamente, a direção do Coren/RJ no próximo dia 11 de setembro. Duas chapas estão inscritas e com isso se retomará a normalidade do processo de representação.

Então, todos nós, homens e mulheres da categoria, profissionais da enfermagem que amam e se dedicam ao reconhecimento e empoderamento dessa nobre profissão, poderão afirmar que nosso dever foi cumprido.

E, ainda que o duplo assassinato dos companheiros Marcos Valadão, presidente da ABEN/RJ, e Edma Valadão, presidenta do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, acontecido em 20 de dezembro de 1999, motivados por essa mesma luta contra a corrupção que grassava no antigo Coren, 12 anos depois, siga impune, apesar dos indícios já terem apontados para os prováveis mandantes e assassinos daqueles corajosos representantes da classe. Essa nova realidade de democracia e probidade na gestão do Coren-RJ está honrando a memória desses heróis modernos da defesa da enfermagem que se somam à figura histórica de Ana Néri.

*Deputada Estadual do PCdoB-RJ