Por uma Universidade do Estado do Espírito Santo

Audiência Pública realizada no Plenário Dirceu Cardoso da Assembléia Legislativa do ES, organizada pela Frente Parlamentar em Defesa de uma Instituição Estadual de Ensino Superior, debateu a necessidade de criação da Universidade Estadutal do Espírito Santo.

Audiencia publica - Tonico - Web Ales

O modelo pedagógico diferenciado da Universidade Federal do ABC (UFABC) e a proposta da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foram apresentados na Assembleia Legislativa (Ales) na noite desta quinta-feira (19), na segunda audiência pública para debater a criação de uma instituição estadual de ensino superior no Espírito Santo.

O evento aconteceu no Plenário Dirceu Cardoso, realizado pela Frente Parlamentar em Defesa de uma Instituição Estadual de Ensino Superior, criada e presidida pelo deputado Roberto Carlos (PT). Na abertura, o parlamentar lembrou que um dos pilares colocados pelo presidente da Ales, Rodrigo Chamoun (PSB), quando assumiu o cargo, era de que a Casa se transformasse em um espaço privilegiado de debates. “A Assembleia Legislativa tem sido profícua”, discursou.

“Estamos à frente dessa empreitada, em defesa de uma instituição de ensino superior no Estado”, disse, acrescentando que muitos outros atores já vêm discutindo essa necessidade, tanto no âmbito das instâncias governamentais quanto na sociedade civil organizada. “Esse ciclo de audiências oferecerá a oportunidade de fortalecer e qualificar esse debate, apresentando uma alternativa viável e eficiente que norteará a criação de uma instituição estadual”, explicou.

A Frente Parlamentar tem como vice-presidente o deputado José Carlos Elias (PTB) e como secretária executiva a deputada Solange Lube (PMDB), contando com o apoio de outros parlamentares. Roberto Carlos ressaltou que o Espírito Santo carece de mão-de-obra especializada e as empresas exigem uma escolaridade média de mais de oito anos, quando a média no Estado é de pouco mais de sete.

O parlamentar acredita que é preciso universalizar o ensino fundamental e médio, com maior qualidade. Mas, essa luta não interfere na busca por uma universidade estadual. Admitiu que o Estado vive um momento econômico delicado, com a ameaça de extinção do Fundap e de redistribuição dos royalties do petróleo, e avisou que nada será imposto, “ninguém vai avançar o sinal”.

O primeiro reitor da Federal do ABC e ex-reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Hermano Tavares, apresentou os modelos pedagógicos dessas instituições, com ênfase na primeira. Ele afirmou que uma das universidades federais que tem servido de modelo para a reestruturação das demais é a UFABC.

Na Federal do ABC não há departamentos ou institutos de disciplinas, a ideia é garantir interdisciplinaridade na prática. O aluno ingressa em um bacharelado geral, de ciência e tecnologia. Recebe uma formação básica em ciência, que pode se adaptar a alguma profissão no mercado de trabalho ou, ainda, lhe garantir, por exemplo, o suporte para cursar um mestrado. Caso queira ter um bacharelado mais específico, deve cursar mais um ou dois anos.

"O futuro não vai requerer o especialista e nem o generalista extremo, mas sim aquele que tem uma formação sólida e básica nas áreas fundamentais", explicou o professor. A grade curricular foi dividida em trimestres e o aluno só passa 20 horas semanais em sala de aula. Isso permite ao aluno mais tempo para suas atividades de leitura, pesquisa e laboratório.

Com pouco mais de quatro anos de atividades, a UFABC é a única universidade federal com 100% de professores doutores – fato inédito no ensino superior público federal – e desponta como a única universidade brasileira com fator de impacto médio em publicações científicas acima da média mundial.

O ciclo de audiências públicas teve início no dia 28 de abril, quando foi apresentado o modelo de funcionamento da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec). Essa segunda rodada contou com a presença do diretor presidente da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Fapes), Anilton Salles Garcia, do presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Gilmar Ferreira, de especialistas, sindicalistas e estudantes.

Também compuseram a mesa  Marcos Paulo (UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Sara Cavalcanti (UNE) e Carlos Lopes (JSB-ES) representando os estudantes capixabas.

Com informações da Web ALES