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Base aliada declara guerra à oposição no Senado

Essa semana, após manobras regimentais da oposição que levaram à perda de vigência de duas Medidas Provisórias, o líder do PT e do Bloco de Apoio, Humberto Costa (PE), acusou os senadores oposicionistas de não cumprir o acordo firmado que garantiria a votação das MPs. E avisou que a base governista deve adotar postura mais dura em relação à oposição. "Se é paz, é paz. Mas, se querem guerra, terão guerra", afirmou.

Ele disse que a partir de agora mudou a relação entre a base aliada no Senado e a oposição. E, segundo ele, é "zero" a chance da bancada do PT votar a favor do acordo firmado em torno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que dá nova tramitação às medidas provisórias no Congresso Nacional.

Os senadores petistas também se solidarizaram com a senadora Marta Suplicy (PT-SP), vice-presidente da Casa, que comandou a sessão no plenário. Para Humberto Costa, Marta foi provocada pela oposição e sofreu preconceito de gênero.

"Quero aproveitar este momento para manifestar aqui a minha mais integral e absoluta solidariedade à nossa Vice-Presidente Marta Suplicy, que conduziu, de forma absolutamente correta, a sessão de ontem (quarta-feira) e que foi vítima aqui das mais diversas provocações, agressões, chacotas, coisas que eu não vi aqui nas vezes em que esta Mesa foi presidida por um homem. As manifestações acontecidas aqui foram claramente de conteúdo machista, tentando testar a capacidade e a firmeza da Mesa", disse.

Interesses do povo

Usando o mesmo tom, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) subiu à tribuna do plenário, e foi acompanhada por outros senadores petistas. "A oposição tem de assumir que rompeu o acordo", reforçou a senadora. E se disse surpresa com o que viu nas manchetes dos jornais do dia seguinte à sessão, em que a oposição afirmava que fez um protesto. “Um protesto que coloca em risco a administração dos hospitais? O salário dos médicos?", disse Hoffmann, referindo-se ao conteúdo das MPs e anunciando que irá tentar, junto ao Executivo, ver o que pode ser feito ainda para os médicos residentes e os hospitais universitários não sejam prejudicados.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a oposição "foi míope ao escolher a saúde como alvo para brigar com o governo", referindo-se ao conteúdo das MPs que caducaram. Segundo o líder, agora o governo vai buscar soluções para diminuir o prejuízo com a perda das MPs.

Para Ana Rita, condutas como essas mancham a imagem do Senado que tem importante papel na defesa dos interesses da população brasileira. "O que aconteceu aqui, ontem, é muito ruim, mancha a imagem dessa Casa de forma negativa. Penso que nós, senadores, temos de ter a preocupação em defender os interesses do povo brasileiro e não ficarmos olhando o nosso próprio umbigo", afirmou.

Ana Rita também repudiou a conduta da oposição diante de Marta Suplicy: "Espero que isso jamais aconteça em novas sessões que teremos pela frente nós próximos quatro anos! E Hoffmann diz que não é a primeira vez que os senadores da oposição desrespeitaram a senadora paulista. "Me solidarizo com a senadora Marta Suplicy, que foi desrespeitada". E esta não foi a primeira vez", destacou.

Acordo rompido

Segundo Humberto Costa, havia sido acertado que os senadores esperariam mais um dia para analisar três MPs, como pedia a oposição, mas com a garantia de concluir a votação ainda na quarta-feira, como queriam os governistas.

"A oposição reivindicou um acordo com o qual o PT não concordava, mas terminamos concordando que a votação das três MPs ficasse para a quarta-feira com a garantia de que seriam votadas", explicou.

O senador ainda assegurou que os senadores que apoiam o governo estavam na Casa até o final da sessão, prontos para votar. Também garantiu que havia articulação política na base governista para passar as duas medidas provisórias derrubadas – uma que unificava o piso dos médicos-residentes e dava gratificação aos servidores da Advocacia Geral da União (MP 521/10) e a outra que criou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (MP 520/10).

Humberto Costa eximiu de responsabilidade a senadora Marta Suplicy, que comandava a sessão. "Nós não fomos derrotados pela oposição. Se nós tivéssemos que votar até às cinco da manhã, nós tínhamos gente pra votar e derrotar a oposição. Fomos derrotados pelo tempo, pelo prazo exíguo", destacou o líder, que lamentou que as duas medidas, que afetam a saúde pública, tenham perdido a validade. Apenas uma das três MPs – a 517 – foi aprovada na sessão de quarta-feira (1º).

Oposição bipolar

"A oposição aqui no Senado padece de Síndrome Bipolar. A maior parte do tempo fica na fase maníaca, pensando que é tão grande quanto foi no passado. Em outros momentos, vai para o lado depressivo, fazendo uma bagunça como a que fez ontem e ainda culpar a base de sustentação do governo com isso", avaliou o líder petista, acrescentando que “eles rasgaram o Regimento Interno", enfatizou.

O ambiente começou a ficar tenso na votação da MP 517, que demorou seis horas de discussão por causa da obstrução oposicionista. Depois, os senadores da oposição começaram a se revezar na tribuna, prolongando o debate da MP 520, a fim de estendê-lo até meia-noite.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi ao microfone pedir respeito ao tucano Flexa Ribeiro (PA), que provocava sistematicamente a presidente da sessão, Marta Suplicy (PT-SP). "Vossa excelência está faltando ao respeito com a presidenta, está passando dos limites", protestou.

Em seguida, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) apresentou requerimento para encerrar o debate e iniciar a votação da matéria. Na direção dos trabalhos, Marta ignorou os pedidos de "pela ordem" da oposição e colocou o requerimento de Crivella em votação, sem abrir a discussão. "Requerimentos não são discutidos, são votados", justificou. Em seguida, ela passou à votação da MP 521.

Nesse momento, o clima no plenário do Senado esquentou, houve bate boca e gritos fora do microfone – todos falavam ao mesmo tempo e ninguém se entendia. O líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), gritava "vergonha, vergonha", o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) advertia "na marra, não vão levar não", enquanto o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), se dirigia a Marta: "a senhora respeite esse plenário".

De Brasília
Com agências