População repete 1823 e protagoniza o desfile do 2 de Julho

Milhares de pessoas foram as ruas de Salvador neste sábado para participar da festa da Independência da Bahia. A data, que é comemorada todos os anos celebra a vitória das tropas brasileiras sobre os portugueses que resistiam em aceitar a Independência do Brasil. O desfile reproduz a entrada triunfal em Salvador dos homens e mulheres que participaram da luta em diversas regiões do estado

galeria 2 de julho

O desfile do 2 de Julho é uma festa para os olhos. Durante todo o percurso é possível admirar as fachadas das casas enfeitadas e pessoas fantasiadas como um dos heróis e heorinas da luta pela Independência da Bahia. Maria Quitéria, Joana Angélica, Maria Felipa, General Labatut e João das Botas são alguns dos personagens das batalhas que consolidaram a Independência do Brasil proclamada em 1822, o que só aconteceu após quase 10 meses de muita luta.

O cortejo foi aberto pelos Encourados de Pedrão – grupo que representa a participação dos vaqueiros na Independência – que este ano estavam ameaçados de não desfilar após o Ministério Público sugerir o uso de alegorias em lugar dos cavalos. Logo em seguida vieram os carros do Caboclo e da Cabocla, símbolo da participação dos homens e mulheres do povo nas batalhas e de sua relevância para a vitória do Exército Brasileiro sobre as tropas portuguesas.

Antes, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nillo (PDT) e o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PP), hastearam as bandeiras do Brasil, da Bahia e de Salvador, além de depositarem flores no monumento ao general Labatut, comandante das tropas brasileiras. A parte oficial da festa foi encerrada pela presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IHGB), Consuelo Pondé, que lembrou a importância de reverenciar os heróis da Independência, em especial aos heróis oriundos do povo, representados pelo Caboclo e a Cabocla.

A presidente do IHGB fez questão de agradecer também à iniciativa da deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), que apresentou no Congresso Nacional um Projeto de Lei que torna o 2 de Julho uma data nacional. O PL foi aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados e aguarda agora a votação no plenário do Senado Federal para que finalmente a importância da data seja reconhecida em todo o Brasil.

Política e protesto

Lideranças políticas de diversos partidos, tradicionalmente, estão presentes no desfile do 2 de Julho, que por ter a participação expressiva da população funciona como um termômetro da popularidade. O espaço serve também para ecoar protestos e manifestações de vários segmentos da sociedade. Na época da ditadura militar no Brasil, manifestantes eram perseguidos pela policia.

Durante o desfile, trabalhadores reivindicam direitos,grupos exigem fim do racismo e de preconceitos e muitas outras demandas aparecem no desfile e acabam atraindo o olhar dos governantes e da mídia. Este foi a caso das faixas e placas que pediam a punição dos culpados pelas mortes do casal Paulo Colombiano e Catarina Galindo, assassinados em junho de 2010.

Como acontece todos os anos, os partidos políticos participaram com suas alas do desfile. O PCdoB reuniu principais lideranças, militantes e amigos em uma das alas mais animados do cortejo. As vereadoras de Salvador, Aladilce Souza e Olívia Santana; o deputado estadual Álvaro Gomes; o secretário Estadual da Secopa, Ney Campello; o presidente da Bahiagás, Davidson Magalhães, a diretora geral da Bahiafarma, Julieta Palmeira, o ex-deputado Javier Alfaya e presidentes de vários sindicatos e entidades estiveram presentes.

Com o slogan “Salvador caminhando em uma nova direção”, o partido buscou levar para as ruas os mesmos anseios de novos rumos que a população da capital baiana expressou em 1823, ao enfeitar as principais ruas da cidade na época, para receber os responsáveis pela conquista da independência do julgo português. “A bandeira principal que nós levamos hoje é que a cidade precisa caminhar por um outro caminho, pois o modelo atual já se esgotou. Os militantes, os amigos e todos os que querem um novo projeto para cidade demonstraram muita animação durante todo o desfile e percebemos também uma receptividade muito boa da população às nossas lideranças. Isto mostra que o PCdoB pode ser uma alternativa para a disputa do poder municipal. E a nossa pré-candidatura se propõe exatamente ao objetivo de ser uma alternativa viável, com propostas concretas para os problemas da cidade”, disse o presidente do PCdoB em Salvador, Geraldo Galindo.

A deputada federal Alice Portugal participou do desfile ao lado de militantes do seu partido e falou sobre o simbolismo da data para o povo baiano. “Estamos muito contentes em estarmos outra vez nas ruas nesta que a data maior da Bahia, a data que nos inspira a continuar no processo de luta, que nos inspira a colocar Salvador em uma nova direção, no centro das nossas prioridades. Entendemos que elevar o nome dos nossos heróis à memória do povo é também elevar a consciência de que os trabalhadores e trabalhadoras, o povo mais pobre, que construiu o 2 de Julho, confirmando a Independência do Brasil, pode e deve continuar a construir a sua independência, com melhores salários, com garantia de direitos iguais para as mulheres, entre outras conquistas. Ou seja, o 2 de Julho é a síntese da luta do povo”, resumiu Alice.

A receptividade ao partido foi comemorada também pelo presidente do PCdoB na Bahia, deputado Daniel Almeida. “Aqui é aplauso, é só carinho e reconhecimento com o partido e suas lideranças, o que nos dá cada vez mais a convicção de que o projeto que o PCdoB apresenta para Salvador e o projeto que tem a cara da cidade e tem identidade com a cidade. O 2 de Julho é o momento de estimular isso, de estimular o civismo, as manifestações culturais e também o protesto por mazela que ainda tem nesta cidade e apresentar nossas opiniões e caminhos para solucionar os problemas. Então, estamos muito satisfeito em podermos comemorar com o povo da Bahia, esta data que consolida a Independência do Brasil”, afirmou.

De Salvador,
Eliane Costa