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Sem Itamar, oposição encolhe mais e fica reduzida a 18 senadores

Com a morte do senador e ex-presidente da República Itamar Franco (PPS), a oposição no Senado sofreu mais uma baixa. O desfalque ocorreu dois dias depois de a direita perder outro representante, a tucana Marisa Serrano, que havia renunciado ao cargo para assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso do Sul.

O suplente de Itamar é o empresário e presidente do clube Cruzeiro, Zezé Perrella, que pertence ao PDT, da base aliada ao governo Dilma. Já o substituto de Marisa é Antônio Russo Netto, que assumiu na quinta-feira e também é de uma legenda aliada ao governo de Dilma Rousseff, o PR.

Com as alterações, a oposição no Senado reduz-se a 18 dos 81 parlamentares da Casa: dez são do PSDB, cinco do DEM, dois do PSOL e um é o pernambucano Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB.

A expectativa é que o número caia ainda mais, para 16. Isso por causa da migração de Kátia Abreu (DEM) para o PSD, sigla em processo de criação e que ruma para a base aliada, e da provável saída de Marinor Brito (PSOL-PA), que deve ceder sua vaga para Jader Barbalho (PMDB).

Barbalho havia sido barrado pela Lei da Ficha Limpa, mas sua volta está prevista depois que o STF decidiu que a lei não se aplica às eleições do ano passado. As mudanças levariam a oposição a ocupar, pela primeira vez, menos de 20% do Senado.

A desidratação marca um nível recorde de apoio a uma administração do PT na Casa. Dilma, depois que Zezé Perrella assumir a vaga de Itamar Franco, poderá contar com 59 senadores, ou até 63, se incluídos os integrantes mais independentes do PMDB. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao assumir em 2003, contava com apenas 28 senadores.

A disputa ao Senado, em 2010, abateu vários adversários ferrenhos do governo Lula, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Mão Santa (PSC-PI) e Heráclito Fortes (DEM-PI), que não se reelegeram. A redução continua, alimentada pela entrada de suplentes e fatores como troca de partido, renúncia e mortes.

O governo tem levado ampla vantagem na dança das cadeiras. Com Perrella, o Senado terá 16 suplentes (19,75% da Casa). Dessas trocas, sete mudaram a correlação de forças. Mas, enquanto seis substituições significaram a troca de oposicionistas por governistas, apenas uma levou à situação inversa e representou um ganho para a oposição, a de João Ribeiro (PR-TO) por Ataídes Oliveira (PSDB). Mesmo assim por conta de uma licença temporária do parlamentar.

Em seis meses de governo Dilma, já é a segunda vez que a oposição perde um senador em razão da morte do titular. No início do ano, foi Eliseu Resende (DEM-MG), que abriu vaga para Clésio de Andrade (PR). O acaso e a herança de Lula — que se empenhou especialmente em derrotar com sua popularidade adversários que lhe criaram problemas — ajudam Dilma a desfrutar de uma situação menos preocupante, num momento em que a presidente enfrenta dificuldades de organizar sua base.

Caso diferente ao de Lula, em 2003, cuja base era pequena, mas conseguiu aprovar seus projetos graças a uma oposição menos beligerante à época. "No primeiro momento, a oposição se pautou pela ética da responsabilidade e ajudou Lula a aprovar uma pauta a qual também era favorável, como a reforma da Previdência. Depois é que começou a agir pela ética da convicção, de ser contra. Mas aí o governo já tinha o PMDB e não era mais refém", diz o analista do Diap, Antônio Augusto Queiroz.

Fonte: Valor Econômico