João Ananias – Doação de órgãos

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Considero o mais elevado estágio de desenvolvimento da práxis humanista a doação de órgãos para fins de transplantes. Não apenas por ser médico e compreender um pouco mais os benefícios advindos desse ato, mas pela contingência em que acontece a decisão de doar.

Sempre que reflito sobre a dor insuportável da perda e a superação pela solidariedade ao doar para que outros possam continuar a viver, renovo minha esperança na nossa capacidade enquanto seres humanos de transformarmos essa sociedade.

Coloquemo-nos numa dessas situações tão comuns de padecermos de uma doença grave do coração, dos rins, do pulmão, do fígado, do pâncreas ou da visão, em que se esgotaram todas as alternativas de tratamento clínico, restando apenas o transplante. Imaginemos a angústia de quem se encontra na fila de espera, com seu quadro clínico se agravando, vivenciando o medo da morte.

A doação aconteceu. Se deu o transplante, quão antagônico esse novo cenário em relação ao anterior.

Nova vida decorrente da decisão de doar.

Nossa civilização que cada vez mais consome “mercadorias” que o sistema nos impõe necessita meditar sobre a relação intervivos, para trazer de volta a nossa linguagem, o termo humanismo, para que não exacerbemos ainda mais a banalização crescente do sofrimento e da morte.

Confesso que a motivação para escrever este artigo, surgiu após ler no O POVO a matéria “Ceará bate recorde de transplantes nos quatro primeiros meses do ano de 2011”, que reforça junto à sociedade a importância da doação, ao mesmo tempo em que mostra que o poder público, quando tem compromisso, faz a diferença.

Aproveito para parabenizar o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde e todos que fazem a Central de Transplantes pelos sucessivos recordes. Esse é o Sistema Único de Saúde (SUS) que queremos.

João Ananias é Deputado federal pelo PCdoB-CE