Morte de Itamar Franco abre investidas do PSDB à Cemig

"Que eles abram os olhos, pois o fogo amigo está a caminho". O conselho, que partiu de um itamarista ligado à alta cúpula da Cemig, mostra que a morte do senador Itamar Franco, ocorrida no último sábado, pode abrir caminho para as investidas de figuras ligadas ao PSDB que já estariam mirando a presidência da estatal, ocupada há 11 anos por Djalma Morais e conhecida como "a menina dos olhos de Itamar". O senador foi o maior defensor da manutenção de Djalma na Cemig.

Cemig - WELLINGTON PEDRO/SECOM-MG

De acordo com a fonte, a estratégia já estaria traçada. Djalma seria transferido para o comando da Light, controlada pela estatal mineira, sob o argumento de que a geradora precisaria passar por uma "modernização", nos moldes da administração do itamarista à frente da Cemig. Além disso, o fato de a família do presidente da estatal residir no Rio de Janeiro também facilitaria sua transferência.

Outro interlocutor, ligado ao Governo, confirmou o "fogo amigo". "A pressão parte do Danilo de Castro (secretário de Governo), mas o governador Antonio Anastasia (PSDB) já confirmou que nos próximos seis meses não vai nem tocar nesse assunto", disse.

Quanto à especulação dos nomes cotados para ocupar a presidência, os mais citados são o do próprio Danilo e do presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Oswaldo Borges da Costa, que é ligado ao senador Aécio Neves (PSDB).

Apesar das informações estarem ganhando corpo nos bastidores da política mineira, oficialmente alguns membros d o grupo ligado ao ex-presidente Itamar refutam qualquer possibilidade de investidas de tucanos para mudar a direção da estatal.

O deputado estadual Bruno Siqueira (PMDB), afilhado político de Itamar em Juiz de Fora, negou a informação e declarou que se trata apenas de especulações da imprensa. "Não existe movimentação nenhuma, nunca houve nada disso."
O ex-deputado Marcelo Siqueira também negou: "Se o Anastasia manteve o Djalma na presidência, não tem porque mudar."

A morte do ex-presidente também abre brechas para o andamento de outro projeto controverso: a aquisição da distribuidora de energia de Goiás, Celg, que, apesar de valor R$ 5 bilhões, está quebrada, somando um passivo de R$7 bilhões. Segundo uma fonte, um grupo ligado ao senador Aécio Neves (PSDB) teria interesse em efetivar a compra da geradora que, mesmo estando quebrada, funcionaria como um "agrado político" ao governador goiano, Marconi Perillo.

A Celg, Centrais Elétrica de Goiás, conta com problemas de saneamento financeiro, rede de distribuição de energia considerado ruim por analistas de mercado e dívidas com o Governo federal.

O diretor de Comunicação da Cemig, Luiz Henrique Michalick, não negou nem confirmou a intenção da estatal de adquirir a Celg. "A Cemig não comenta essas possíveis aquisições. Mas como o próprio presidente Djalma e outros diretores vêm declarando, todo tipo de ativo interessa à Cemig. Mas não temos nada adiantado".

Publicado no jornal Hoje em Dia, de 7 de julho de 2011