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China acusa EUA de “interferência grosseira” em assuntos internos

A China acusou neste domingo (17) os Estados Unidos de interferirem de modo "grosseiro" em seus assuntos internos depois que o presidente americano, Barack Obama, recebeu o líder espiritual do Tibete, o dalai-lama. Segundo Pequim, a iniciativa de Obama abala seriamente as relações sino-americanas.

O dalai-lama esteve por 45 minutos com o presidente americano no sábado. No encontro, ocorrido na Casa Branca, Obama fez elogios ao visitante e enalteceu o fato de ele não empregar a violência na campanha pela autonomia do Tibete. Obama, no entanto, repetiu a posição dos Estados Unidos sobre a questão: a de que não apoiam a independência tibetana em relação à China.

A reação chinesa ao encontro veio em forma de dois duros comunicados do Ministério das Relações Exteriores. "Essa iniciativa é uma interferência grosseira nas questões internas da China, fere os sentimentos da população chinesa e prejudica as relações sino-americanas", disse o ministério em uma das notas.

Pequim acusa o dalai-lama de ser um separatista que apoia, sim, o uso da violência em nome de um Tibete independente. "Há muito tempo o dalai-lama vem usando a bandeira da religião para se envolver em atividades separatistas anti-China", diz a nota. O ministério ainda exortou os Estados Unidos a pararem de manifestar apoio a grupos que defendem um Tibete independente.

Por meio do outro comunicado, o ministério informou que o governo chinês convocou "urgentemente" o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Pequim, Robert S. Wang, para manifestar as objeções chinesas. "O Tibete é parte inseparável da China e as questões relacionadas ao Tibete são um assunto interno puramente chinês", aponto o governo.

A decisão de Obama de se reunir com o líder tibetano ocorre num momento já bastante delicado na relação entre os dois países. A China é o maior credor dos Estados Unidos, com mais de US$ 1 trilhão em títulos do Tesouro americano. O país estaria, portanto, muito exposto num cenário em que o Congresso americano não consiga chegar a um acordo para elevar o teto da dívida americana. As negociações entre o Congresso e a Presidência se arrastam há meses; o prazo termina no dia 2.

Da Redação, com informações da Reuters