Investir no Itaquerão é pensar no futuro da Z. Leste e da capital

A realização de uma Copa do Mundo é sonho de muitos países, mas para se tornar viável, é preciso infraestrutura, dedicação e investimento, além do cumprimento das exigências da Fifa.

Por Jamil Murad*

No caso do Itaquerão, o plano inicial do Corinthians era construir uma arena com 45 mil lugares. A partir do momento em que se passou a vislumbrá-lo como possível sede paulista da Copa de 2014, o clube teve de seguir a cartilha da Fifa.

Dentre os critérios estipulados pela entidade estão, por exemplo, garantir a capacidade para 65 mil espectadores e estar preparado para receber autoridades e personalidades, bem como equipes de televisão e rádio de todo o mundo.

 
Leia também:
 

O governo e a prefeitura de São Paulo disputam, com outros estados e capitais, o direito de ter a abertura do evento. Portanto, assumiram o compromisso de dar as condições para sua realização. Os itens adicionais para que o estádio cumpra tais exigências têm um custo que deve ser assumido pelo poder público, já que toda a cidade, o estado e o Brasil serão beneficiados. Um clube de futebol, qualquer que seja, não tem necessidade nem condições de fazê-lo.

Nos outros estados, os governos se responsabilizaram por construir ou reformar estádios. Em São Paulo, não poderia ser diferente. No entanto, os meios de comunicação e alguns políticos se levantaram contra o incentivo fiscal proposto no Projeto de Lei 288/11, aprovado na Câmara Municipal, para viabilizar este grandioso evento. Considero pobres os argumentos que sustentam esta posição, felizmente derrotada, segundo os quais os investimentos deveriam ser apenas de ordem privada; afinal, trata-se de responder a interesses da sociedade.

Há mais de 100 anos, alguns deputados da Assembleia Legislativa não quiseram que o governo estadual fundasse a Escola Politécnica da USP, argumentando que a verba deveria ser direcionada à alfabetização. Essa corrente de opinião perdeu e os engenheiros formados puderam contribuir com importantes obras que fizeram a grandeza de São Paulo e do Brasil.

Portanto, foi acertada a decisão da prefeitura de lançar, por meio desse PL, o Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento (CID), que vai garantir a verba extra, necessária para atender às exigências da Fifa.

Além disso, é preciso ressaltar que a Copa é um indutor de desenvolvimento capaz de pôr em prática, num prazo determinado, planos até então engavetados. A infraestrutura e a arena levarão desenvolvimento e ajudarão a Zona Leste a deixar de ser uma “região dormitório” para ser realmente parte da cidade, usufruindo de todos os benefícios que a metrópole pode oferecer.

Acredito que colocar o debate sobre os incentivos como a concessão de uma benesse a um clube ou a uma empresa é apequenar o tema e o impacto positivo que eventos desse tipo têm para as cidades que os sediam.

*Jamil Murad, vereador do PCdoB, é líder do partido na Câmara Municipal e presidente da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos, Cidadania, Segurança Pública e Relações Internacionais. Foi deputado federal (2003 a 2007) e estadual (1991 a 2003)