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Anderson Bahia: Ubes, há 63 anos uma rebeldia consequente

Chegar aos 60 anos com vitalidade é o desejo de muitos. Passar dele com rebeldia, agitação e ser o pólo aglutinador de jovens então, nem se fale. Esse desejo dos sexagenários é realidade para a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), que ontem (25) completou 63 anos e se prepara realizar, no final desse ano, seu 390 Congresso, oportunidade na qual mobilizará milhares de estudantes para discutir os problemas da educação e do país como um todo, além de eleger a próxima gestão.

Por Anderson Bahia*

Assim tem sido a rotina da entidade desde sua fundação, em 1948: mobilizar e agitar os estudantes secundaristas em busca de novas conquistas. E essa tarefa tem sido bem executada por seus atuais dirigentes. A Ubes encerra um período no qual tem muitos motivos para comemorar. A reconstrução da sede histórica dos estudantes, no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, e a aprovação no Congresso Nacional dos 50% do fundo social do pré-sal para a educação são alguns desses.

A inquietação típica da sua base popular, no entanto, faz com que ela não fique por aí. Esse ano, por exemplo, se lançaram numa cruzada para fazer com que o Estado atribua efetiva prioridade para a educação e pautam, na reformulação do Plano Nacional de Educação (PNE), investimentos equivalentes a 10% do PIB para o setor. Inclusive já preparam uma nova jornada de lutas para o mês em que se comemora o Dia do Estudante, agosto, a fim de pressionar os poderes e garantirem a aprovação de sua bandeira de luta.

Entidade mais enraizada nas escolas

Se manter no auge da forma não é fácil e a Ubes sabe disso. Por isso, não mede esforços para está cada vez mais inserida no cotidiano dos estudantes. Duas iniciativas realizadas pela atual gestão da entidade constatam essa ginástica: o I Encontro de Grêmios, realizado no mês de janeiro, e o 120 Encontro Nacional de Estudantes de Escolas Técnicas (Enet) da Ubes, ocorrido em 2010.

O primeiro teve como pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro e os seus belos cartões postais. Na ocasião, mais de 700 representantes de grêmios estudantes do Brasil inteiro tiveram a oportunidade de debater os rumos da entidade máxima representativa dos estudantes secundaristas e passaram a fortalecer a rede do movimento estudantil ao levarem para dentro de suas respectivas escolas as bandeiras de lutas da entidade.

Já o Enet ocorreu na cidade de Natal, em 2010, e serviu para acompanhar a expansão das escolas técnicas desencadeada no governo Lula. A demanda do país nas áreas tecnológicas e a nova configuração da educação brasileira com a chegada em massa de escolas para formar profissionais nesse campo foram os pontos centrais da discussão naquele momento.
Mantendo tradições

Ao acompanhar a nova realidade da educação brasileira, do país e a forma como a juventude contemporânea se expressa e manifesta sua rebeldia, a UBES conserva características que lhe firmaram como uma das principais representações do movimento social brasileiro: o engajamento e a combatividade.

Dessa forma, a Ubes da atualidade é a mesma da passeata dos 100 mil, de Edson Luís, do combate à Ditadura Militar, dos caras pintadas que derrubaram Fernando Collor de Melo e daqueles que combateram o neoliberalismo desavergonhado de FHC.

*Anderson Bahia é integrante da Direção Nacional da União da Juventude Socialista (UJS) e do Comitê Estadual do PCdoB-AM.