José Cícero – Ao dia esquecido do Escritor…

O Dia do Escritor é comemorado em 25 de Julho.

Pela passagem do dia do escritor: Uma singela homenagem.

Um pouco de prosa e verso
porque ninguém é de ferro.
Poema que faço, neste dia.
Escrita gratuita que distribuo ao mundo
como se fossem flores silvestres
na esperança de entreter um pouco
os românticos da vida.
E até mesmo os brutos
que não conseguem se emocionar
diante de uma declaração de amor infinito
de quem se ama e gosta.
Tampouco se indignar ante a tragédia
que se avoluma e tenta engolir os homens
em meio às guerras, miséria e fome.
Fazendo das nossas musas inspiradoras poéticas
solitárias viúvas, meras mulheres de Atenas.
Anseio quem sabe, neste dia
instigar todo o resto dos que são sensíveis
ao mais profundo dos sentimentos que há em vista,
quer seja: o de amar o mais que possível e que se possa,
como quem se doa por completo a uma causa nobre
Por sua conta e risco,
à sorte da entrega em seus excessos.
Paixão que nos move, tão plena e desmedida
e que até mesmo Deus duvida…
Que neste dia,
toda a poética contida na palavra
possa ser magia plastificada na vontade escrita
que de vez se concretiza
nas mãos cheias de dádivas dos que se oferecem
a seu carrasco diante da certeza
e da confiança que os alegra, anima compartilha.
Que a palavra solta seja de fato uma grita
e muito mais que a escrita,
possa pavimentar a ação do gesto.
Para que a paixão deveras
faça-se verbo e em carne se transforme
nos desejos das pessoas que se amam de verdade.
Que tudo o mais seja um milagre
que se pluralize sempre,
e eternamente enquanto dure
em seus momentos e seus instantes eternos.
Tudo em face da energia
contida nas metáforas de um texto lúcido:
Romântico e lírico.
Uma pitada de versos.
Um dedo de prosa.
Uma crônica básica.
Um artigo.
Uma frase amena, poetizada.
Uma declaração de amor
que enobrece.
E até num dístico.
E, depois de tudo:
um presente,
um beijo
e outras coisas
mais fortes e aconchegantes.
Tudo embrulhado num pacote de presente
na mais pura e bela poesia que temos.
Daquelas que se escreve com a alma leve e fugidia.
E que a escrita como um todo, que nos toque fundo
na extensão mais lídima da palavra dita
servindo à busco do encontro e da verdade.
E a comunicação emocional-interativa,
a que sempre sonha toda a humana civilização.
Literatura vasta.
Poética farta
a emanar das nossas veias:
Gesto que nos anima,
como filhos e filhas que pomos no mundo
e temos a obrigação de bem cuidar.
Rosas rubras que regamos
com lágrimas de tristezas momentâneas
e enxurradas de alegrias que nos confortam.
Só isso é o que basta
para quem escreve com idealismo
e paixão sem medida.
Como uma missão de vida ou de morte.
Quão maravilhosa e desprendida é a utopia
de se mudar o mundo!
A partir dos indivíduos que, a qualquer preço,
amam no seu próprio íntimo
todas as pessoas e o planeta.
Além da arte de tudo o que é belo e humanista.
E em cada Eu profundo – deixemos uma semente.
– Solo fértil.
Sentimentos interiores que nos move
e nos obriga como de resto,
a sermos fortes e poetas…
– Amantes das pessoas,
bem como de todas as espécies e dos livros.
– 'livros, livros à mão cheia'…
Amor: Uma leitura inesquecível
que marca e transcende
qualquer noção imediatista
ou mercantilista da genes fraca
da ignorância,
da prepotência,
da arrogância,
como da própria praxe
capitalista.
Somos em silêncio produtivo
ou mesmo em ócio, em essência:
Benditos solitários da escrita.
– Autênticos carregadores de piano.
Coveiros do mal que se destrói
e morre por si mesmo: o egoísmo.
Cavaleiros do otimismo e da esperança;
jardineiros e mensangeiros de um tempo novo.
escribas neo-modernos e antigos.
Candeia, refrigério, lenitivo e farol.
Sol que se acende e nasce
de agora em diante.
Assim como, para todo e sempre.
Somos um todo.
– Somos simplesmente – Os escritores.
O ofício de escrever
e traduzir os sentimentos do mundo
é tudo o que nos move nesta vida.

José Cícero é professor, poeta e escritor

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