UNE – Ajuda não vai domar o movimento

A cada dois anos a UNE realiza congressos para redefinir diretrizes e renovar sua a direção. Eles começam com debates nos Estados, onde são eleitos cerca de 5 mil delegados.  Para que todo o processo do congresso conclua-se com êxito, é operada a maior engenharia política do Brasil.

Une

Algo mais complexo até que o Congresso Nacional. Isto porque naquele movimento social existem mais correntes de pensamento do que em qualquer outro.

Já faz parte da rotina dos congressos da UNE o questionamento à ajuda demandada pelos estudantes. A iniciativa privada é sempre procurada e colabora. A Confederação Nacional dos Transportes (CNT), importante na logística de um acontecimento que reúne gente de todo país, é parceira.

É claro que o apoio decisivo vem da Petrobras, BB e Caixa, que estão entre os maiores anunciantes da mídia brasileira. Passa de 25% a participação do BB na publicidade da TV no Brasil. No ES, o Setpes nunca deixou de colaborar, muitas vezes, barateando a locação de ônibus. Afinal, todos sabem da vida espartana do militante estudantil.

As críticas vêm sempre acompanhadas da exagerada preocupação quanto à perda de independência de uma entidade que recorre às verbas públicas. Ora, se nem a farta publicidade do governo federal consegue aplacar a marcação cerrada da mídia em relação ao governo, não será uma prosaica cooperação para as despesas com marmitas e alojamento que vai domar o mais arrojado dos movimentos reivindicatórios do Brasil.

Namy Chequer, vereador de Vitória (PCdoB)

*Matéria publicada na coluna Outra Opinião do jornal A Gazeta em 24/07/2011