BH perde Dona Helena Greco, que faleceu nesta quarta-feira

Belo Horizonte perdeu nesta quarta-feira (27) um símbolo da luta democrática e pelos direitos humanos. Faleceu, aos 95 anos, Dona Helena Greco. A pequena e franzina mineira começou a militar somente aos sessenta e um anos de idade, na luta pela anistia em 1977, mas atuou intensamente na vida política do estado desde então. Seu velório será à noite desta quarta-feira, no Cemitério da Colina e o sepultamento será amanhã, dia 29, às 11 horas, no mesmo local.

Helena Greco - Helena Leão

Dona Helena foi a primeira vereadora do PT em Belo Horizonte, cumprindo dois mandatos. Foi a fundadora e primeira presidenta da Associação Cultural José Marti, que completa 25 anos de luta e apoio a Cuba.

Dona Helena Greco nasceu em Abaeté, pequena cidade do oeste de Minas e era farmacêutica de formação. No final da década de 70, participou de uma manifestação contra a prisão de estudantes na Faculdade de Medicina da UFMG. Apesar de nunca ter feito um discurso, subiu no palanque e falou da responsabilidade de sua geração enfrentar a repressão. Dali pra frente, tornou-se sinônimo de anistia no Brasil. Foi presidente e fundadora do Movimento Feminino pela Anistia/MG (1977) e do Comitê Brasileiro de Anistia/MG (1978).

Vereadora

Com o início do processo de democratização, foi fundadora do PT e se elegeu vereadora em Belo Horizonte, onde idealizou e aprovou a Comissão Permanente de Direitos Humanos – a primeira do gênero no Brasil – cujo programa político se bifurcava na luta contra a opressão e a exploração dos trabalhadores e do povo e na luta contra a discriminação e desigualdade de gênero. Tudo isto ainda durante a ditadura militar.

Em 2005, Greco foi uma das cinquenta e duas brasileiras (duas mineiras, ela e Fátima de Oliveira) que integraram a lista do Projeto Mil Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz, iniciativa da Fundação Suíça pela Paz e Associação Mil Mulheres.

Dona Helena deixou tem três filhos (Marília, Heloisa e Dirceu) e três netos (Helena, Júlia e Gustavo). Sua filha Heloisa, conhecida como Bizoca, é historiadora e militante social. Fundou e é presidente do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.

Quem militou em qualquer movimento social em Belo Horizonte nos últimos anos com certeza já esteve ao lado de dona Helena, que apesar de idade sempre participou de todas as lutas.

Fica na memória dos lutadores sociais mineiros a imagem da pequena mulher com a grandiosidade de uma gigante. Além, claro dos seus ensinamentos como na frase a seguir: “A nossa cidadania depende diretamente da nossa capacidade de indignação. Esta, por sua vez, só se concretiza a partir do exercício permanente da perplexidade”.

De Belo Horizonte,
Kerison Lopes