Artigo relaciona crise econômica com imprensa golpista
Chile, Crise da dívida nos EUA, Murdoch, Inglaterra, Silvio Costa e Sandro Mabel
Pelo tamanho do título o leitor pode imaginar que enlouqueci. Como articular tantos assuntos em apenas uma lauda. Pois vou tentar.
Por Emanoel Souza*
Publicado 10/08/2011 10:45 | Editado 04/03/2020 16:19
Começo informando que Silvio Costa (PTB/PE) é presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) e assumiu a relatoria do projeto de lei de autoria do deputado Sandro Mabel (PR/GO) que trata da liberalização da terceirização e apresentou o PL 1463/2011 sobre o novo "Código do Trabalho". Mais informações, vide artigo "O novo código da senzala" do companheiro Tramontini.
Pois bem, estes projetos, já em tramitação avançada na Câmara dos Deputados, trazem de volta a velha cantilena neoliberal tão propalada na década de 90 de que o problema do Brasil é o "custo da mão de obra" e que a solução é "desonerar a folha". Ou seja, jogar no lixo os direitos trabalhistas conquistados a duras penas, mantendo intocada a farra de banqueiros e rentistas parasitas.
Foi exatamente a "solução" encontrada para a crise da dívida norte americana. Corte nos gastos públicos, ou seja, na rede de proteção social e manter intocado os impostos dos muito ricos e o mercado financeiro desregulamentado.
E o Murdoch com isto? É que o escândalo das escutas telefônicas nos seus tablóides demostra exatamente o "modus operandi" desta turma, o mesmo que ocorre com o PIG (Partido da Imprensa Golpista) aqui no Brasil. Ou seja, "criar dificuldades para vender facilidades". A chantagem para manter o monopólio da "opinião pública", como a atual tentativa de criar uma crise política artificial. Ou alguem acredita que a "turma do jabá" tem algum compromisso com a ética? Que o país precisa de uma "faxina geral" todos concordamos. Mas que ela seja pautada pela mídia, por favor, me façam uma garapa.
Agora, sobre as gigantescas manifestações no Chile e a explosão social na Inglaterra. São sintomas da reação dos povos aos efeitos do que o neoliberalismo está trazendo de volta ao mundo. Na Grécia, o governo social democrata passou por cima do povo e impôs um pacote restritivo de direitos para cumprir as ordens do FMI. Movimentos espontâneos explodem na Espanha, Portugal e por toda Europa, mas ainda sem identificar direito o inimigo central dos povos: O imperialismo neoliberal e a ditadura de Wall Street e dos "barões da mídia".
Coloquemos nossas barbas de molho e nos preparemos para embates de grande monta. Esta em curso uma batalha em escala global: Quem vai pagar o ônus da crise do capitalismo? Os neoliberais pretendem que sejam os trabalhadores. E nós, vamos aceitar? Atenção, esta disputa já está em curso em nosso país.
*Emanoel Souza é jornalista, economista e presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe