Vídeo mostra bomba de gás explodindo dentro de sindicato no Chile

O segundo e último dia da greve geral que paralisou o Chile, na última quinta-feira (25), foi marcado por confrontos entre trabalhadores e os carabineiros, polícia militarizada do Chile, célebre pela repressão desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Um dos episódios mais marcantes ocorreu em frente a um grêmio sindical de carteiros, em Santiago. Os carabineiros estavam do outro lado da rua quando um deles se aproximou da porta do sindicato e lançou uma bomba de gás lacrimogêneo.

Na sexta-feira (26), o coronel Ricardo Solar, chefe do departamento de Comunicações Sociais dos carabineiros, se desculpou pelo incidente. Outro oficial, o coronel Victor Tapia, disse tratar-se de um caso isolado e informou que o policial foi desligado. Porém, na madrugada do mesmo dia, um dos estudantes, Manuel Gutierrez, de 16 anos, foi morto durante os confrontos.

A polícia chilena negou que algum oficial tenha sido responsável pela morte do jovem e, segundo o general Sergio Gajardo, a ideia de uma investigação interna neste momento está descartada. "Não temos dúvida sobre a inocência dos carabineiros no incidente", informou o oficial à agência de notícias Ansa.

A greve geral faz parte de mais um capítulo da série de manifestações que eclodiram no país sul-americano há três meses. O movimento estudantil passou a reivindicar profundas reformas no sistema educacional, levando centenas de milhares de pessoas às ruas todas as semanas. Os protestos coincidem com a queda de avaliação da gestão do presidente Sebastián Piñera, com apenas 26 pontos, a mais baixa desde o início do período democrático.

Camila Vallejo no Brasil

A violência policial com os estudantes chilenos, que se manifestam contra os retrocessos do governo do país, foi denunciada pela presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECh), Camila Vallejo, na audiência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (31). A presidente da Comissão, deputada Manuela d´Ávila (PCdoB-RS), entregou a moção de repúdio à violenta repressão aos protestos dos movimentos sociais no Chile.

A líder estudantil chilena está no Brasil para acompanhar a Marcha dos Estudantes organizada pela UNE nesta quarta-feira em Brasília. Ela falou sobre a importância de poder vir ao Brasil denunciar a situação que não é mostrada pela grande mídia. Ela disse que os estudantes e os representantes dos movimentos sociais são vítimas da violência policial, que reprime com violência e práticas de tortura os manifestantes.

Camila Vallejo ainda denunciou outro tipo de violência que aparece no discurso de direita do governo chileno, de criminalização dos movimentos sociais. “O governo diz que somos subversivos e nossas reivindicações são absurdas”. E acusa os estudantes de serem “delinquentes e responsáveis pela morte do Manuel Gutierrez e por outras mortes futuras”.

A esperada reunião entre o governo chileno e movimentos estudantis programada para a terça-feira (30), foi adiada. Os objetivos do encontro eram tentar definir um plano de ação que preveja investimentos e mudanças no setor e colocar um ponto final nos protestos organizados pelos estudantes, que já duram três meses e mobilizaram todo o país.

Da Redação, com agências