Jô Moraes participa do Dia dos Excluídos

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) participou nesta quarta (7) do 17º Grito dos Excluídos, uma manifestação que levou para a avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, mais de 2 mil representantes de movimentos populares, grupos estudantis, de professores, das pastorais católicas e legendas progressistas, reivindicando moradia, trabalho, democracia, saúde pública, terra, inclusão social, econômica e política.

A concentração aconteceu na Praça da Estação onde, com cartazes, faixas e adornos os manifestantes entoaram cânticos e gritaram palavras de ordem dentro do lema do Grito deste ano: “Pela vida grita a terra… Por direitos, todos nós!” De lá caminharam até a Praça da Rodoviária onde fizeram novo ato de protesto e depois até a Praça Sete.

Um grupo de estudantes protestou contra o terço de desconto do passe escolar. “Queremos passe livre para ter direito à educação”, entoaram. Anabela Flores da Silva, de 9 anos exibia um cartaz com os dizeres: “Mexeu com meu professor, mexeu comigo”, numa alusão aos ataques sofridos pelo magistério público mineiro em greve há mais de 90 dias, pelo pagamento do piso nacional de R$ 1.187,00. Em fase de alfabetização, ela sofre com a greve, tem de ficar em casa de uma vizinha e teme perder o ano letivo. Mas, junto com a família, apóia o movimento paredista. Sua mãe, Maria do Carmo Silva, acredita ser a persistência do movimento, a única maneira de os professores conquistarem o que demandam.

 

Forte

 

Maria dos Prazeres, com um lenço branco, bordado com fitas verde e vermelha, vestindo uma t-shirt do MST, ostentava uma faixa pedindo moradia para quem trabalha. Mas também repetia slogans por saúde preventiva, digna e efetiva. Energia com preços sociais e pela reforma agrária. Aos 74 anos, ela participava do Grito junto com duas netas e uma bisneta de apenas 3 meses. As crianças são da ocupação Dandara. Ela vive de aluguel na periferia de Contagem, após perder um imóvel própria para o Córrego do Onça. Revela que nunca se refez financeiramente das perdas – as enchentes recorrentes foram confiscando o pouco que conseguiu ajuntar até que a última delas levou absolutamente tudo, até a identidade, contou em lágrimas. Maria não desiste: tem fé nas mudanças feitas pelos homens, com as bênçãos de Deus. Hoje ela divide a casa com mais sete parentes, mas sonha com o imóvel próprio e em voltar para Salgueiro, em Pernambuco, de onde saiu há 40 anos.



Na parada estratégica dos manifestantes na Praça da Rodoviária – enquanto os militares do desfile de Sete de Setembro terminavam sua apresentação – representante dos moradores de rua arrancou aplausos dos que estavam próximo ao carro de som. O único depoente a conseguí-lo. Ele denunciou a internação compulsória de moradores de ruas, numa espécie de limpeza das ruas para a Copa do Mundo. “Já começou no Rio de Janeiro, onde já existe até amparo legal. E já está começando aqui..”, alertou. Mulheres também denunciaram a explosão da violência doméstica e familiar e, no caminho para a Praça Sete o ex-vereador Antônio Pinheiro fez um protesto “contra a corrupção que suja, que mancha o solo brasileiro”.

De Belo Horizonte,
Graça Borges