Distúrbios revelam fraturas sociais profundas no Reino Unido
Os longos e recentes distúrbios sociais no Reino Unido revelaram profundas brechas em uma das sociedades mais desiguais do mundo desenvolvido e uma tácita rejeição à política econômica da coalizão, afirmaram nesta segunda-feira (12) sindicatos de trabalhadores britânicos.
Publicado 12/09/2011 19:19
Ao criticar o plano de austeridade do premiê David Cameron, o líder da central Trade Union Congress (TUC), Brendan Barber, destacou que a sociedade britânica se localiza hoje entre as mais desiguais, na qual uma elite de ricos flutua livremente diante de uma abrumadora maioria de pobres, em meio à qual uma geração de jovens cresce sem trabalho.
Os jovens, disse Barber, não têm perspectivas de futuro e crescem sem esperança diante de uma taxa de desemprego galopante, que ronda os 50% entre a juventude, agregou.
Barber afirmou que os acontecimentos de agosto em Londres e outras localidades do país mostraram as grandes fraturas sociais e como é equivocado e cruel a maneira proposta pela coalizão de conservadores e liberais de acabar com o déficit.
O sindicalista reprovou o premiê, que qualificou as revoltas como "simples delinquência", quando afloraram uma série de interrogaçõs sobre a situação no Reino Unido, de uma desigualdade perniciosa.
Barber exigiu que o governo analise os fatores como a exclusão social, a pobreza, a imobilidade social e a decadência econômica dos jovens.
Durante a conferência anual da TUC, Barber destacou os planos de intensificar a campanha nacional em prol de uma alternativa econômica mais justa para todos os trabalhadores britânicos, contra o programa de cortes proposto pelo governo.
Os principais sindicatos do país anunciaram para novembro uma segunda onda de greves em todo o Reino Unido, em repúdio à política econômica e particularmente, à reforma do sistema de aposentadorias no setor público.
Os trabalhadores repudiam o executivo por causa dos planos de sacrificar as aposentadorias com uma maior contribuição dos trabalhadores, a fim de reduzir o buraco fiscal em curto prazo, erodindo as liberdades civis e os direitos trabalhistas.
Em resposta aos sindicatos, um porta-voz de Downing Street – a sede do Governo – disse que era preciso "tomar controle dos gastos públicos para retomar a economia", falando assim para minimizar os conflitos originados pela política de austeridade e os custos sociais.
Quatro dos principais sindicatos britânicos realizaram em 30 de junho uma manifestação com cerca de 100 mil funcionários públicos, em apoio aos professores que também repudiam a reforma do sistema de aposentadoria, no maior protesto que o setor protagonizou desde a década de 1980.
Com informações da Prensa Latina